Último Ferrari F1 de Schumacher em leilão

Último monolugar da Ferrari pilotado por Michael Schumacher, o Ferrari 248 F1 levou o alemão ao segundo lugar no Campeonato de Pilotos de 2006, após um duelo intenso com Fernando Alonso (Renault). Agora, o chassis com número 254, um dos mais importantes, vai ser vendido em leilão pela RM Sotheby’s.

Fotos: cortesia da RM Sotheby’s

Não foi um dos monolugares que levou Michael Schumacher a um dos seus cinco títulos mundiais com a Ferrari (num total de sete, os outros dois com a Benetton), mas o 248 F1 reveste-se de grande importância por ter sido o derradeiro pilotado por aquele que é ainda hoje considerado, para muitos, o melhor piloto da história da Fórmula 1.

Utilizado na temporada de 2006 pelo piloto de Kerpen, o 248 F1 com o chassis 254 está associado a cinco triunfos de Schumacher, tendo terminado em primeiro lugar nas corridas São Marino, Europa, Estados Unidos da América, França e Alemanha. Adicionalmente, este chassis obteve ainda três pole positions, três segundos lugares e quatro voltas mais rápidas, tendo sido também ao volante do chassis 254 que Schumacher superou o recorde de poles de Ayrton Senna.

O último esforço 

Concebido para as novas regras de 2006, nas quais o motor V8 de 2.4 litros passava a ser a norma, o 248 F1 foi idealizado por Aldo Costa, tendo como ponto de partida alguns dos conceitos introduzidos na fase final da temporada de 2005, então com o relativamente pouco competitivo F2005, com que a Ferrari apenas obteve um triunfo, no caótico GP dos EUA em que apenas participaram seis carros. Porém, o novo carro incorporava também avanços significativos em termos de aerodinâmica, a que se juntava um motor V8 totalmente novo com uma potência que, no arranque da temporada rondava os 730 cv e no final cerca de 780 cv.

O chassis 254 foi o quinto de oito carros construídos para a temporada, tendo feito a sua estreia em pista a 4 de abril de 2006, no circuito de Vallelunga pelo piloto de testes Luca Badoer, antes de ser entregue aos pilotos titulares, Michael Schumacher e Felipe Massa para desenvolvimento posterior em sessões de testes. Este facto levou a que o chassis acumulasse cerca de 3900 km de testes antes da sua estreia em competição, mais concretamente, no GP de São Marino, em Imola, obtendo logo a pole position e, depois, o triunfo na corrida, o primeiro da Scuderia na temporada.

O carro viria depois a ganhar em Nürburgring, palco do GP da Europa, nos Estados Unidos (Indianápolis), França (Magny Cours) e Alemanha (Hockenheim), tendo sido o último triunfo deste chassis, que fez também a sua corrida final na Hungria (Hungaroring), no início de agosto (com um abandono a três voltas do final).

Reservado a partir daí apenas para ações promocionais, o 248 F1 # 254 apenas voltou às mãos de Schumacher nas Finais Mundiais da Ferrari, que tiveram lugar em Monza, marcando-se aí a despedida não só do carro, mas também do piloto, que havia anunciado poucas semanas antes o seu abandono (que, como se sabe, não viria a ser definitivo).

Fim de uma era, arranque de outra

 Porém, outro marco importante estará “cravado” no chassis # 254, já que também terá sido o primeiro monolugar que Kimi Raikkonen, recém-chegado à formação para 2007, ensaiou numa sessão de testes em Vallelunga, em janeiro de 2007. Embora não existam certezas quanto a este facto, a RM Sotheby’s aponta que a probabilidade é bastante alta. O chassis cumpriu depois apenas mais uma sessão de testes em Valência antes de ser retirado e vendido, em dezembro de 2007, a um cliente particular.

Último Ferrari F1 de Schumacher vai a leilão

Durante todo este período, o carro foi certificado pela Ferrari Classiche e completou diversas sessões de testes privadas em Fiorano. Porém, mesmo sendo acompanhado de uma série de componentes sobressalentes, como um conjunto de pneus, o carro está inativo há mais de uma década, pelo que irá necessitar de uma revisão completa se o novo comprador o quiser recolocar em pista.

Quanto a valores, permanecem sob reserva, sendo de esperar que atinja vários milhões de euros atendendo à aura que acompanha o carro.