É o regresso ao ativo de marca italiana com 117 anos de história que detém, ainda, o recorde de títulos no WRC! Estudo Pu+RA HPE de 2013 “desbravou” o caminho
A Lancia (Lancia: o carro urbano com classe | Site oficial | Lancia PT) está de regresso ao mapa do automóvel, depois de tempo a mais de “confinamento” ao mercado italiano, período que quase “matou” fabricante com história riquíssima fundado em 1906! Para o relançamento da empresa de Turim que planeia vender apenas elétricos a partir de 2026, geração nova do Ypsilon, a 4.ª desde 1995, mas só a 1.ª após a introdução da 3.ª, em 2011.
A marca abandonou Portugal, oficialmente, há sete anos, mas esse “adeus” não significou o fim do comércio da Lancia no nosso País. No entanto, pelos “canais” oficiais, regresso anunciado em abril de 2023 planeado somente para 2025, com concessionários novos e o Ypsilon novo disponível com motores elétricos e sistemas híbridos do tipo MHEV.
A Lancia apresentou o Ypsilon numa edição especial com o nome de fabricante italiano de mobiliário muito prestigiado (Cassina), com o objetivo de comunicar “atenção aos detalhes estilísticos e à seleção criteriosa de cores e materiais”, o que explica com a ambição de reposicionar-se comercialmente, com o objetivo de aproximar-se dos fabricantes com estatuto “premium”, e tem produção limitada a 1906 exemplares, número que remete para o ano da fundação do construtor por Vincenzo Lancia e Claudio Fogolin – em 1969, a troco do pagamento simbólico de 1 lira, a Fiat “absorveu-o”!
O fabricante italiano é reconhecido mundialmente por “mão cheia” de inovações técnicas e tecnológicas que revolucionaram o automóvel e pelo sucesso nos ralis – não acelera no Mundial (WRC) desde 1992, mas ainda detém o recorde de títulos de construtores (10) e encontra-se em 4.º na tabela das marcas com mais vitórias na competição introduzida pela FIA em 1973 (73), superando-o apenas Citroën (102), Ford (94) e Toyota (85)!...
A mesma arquitetura técnica de 208, Corsa & Cia.!
O Ypsilon novo tem 4,080 m de comprimento, mais 243 mm que o modelo atual, que os italianos fabricam na Polónia, na mesma linha do Fiat 500, e baseia-se na plataforma e-CMP2, a mesma arquitetura de Corsa ou 208, por exemplo, também os modelos com que partilha o motor elétrico com 115 kW/156 cv e 260 Nm ou a bateria de iões de lítio com 51 kWh de capacidade, que permite percorrer até 403 km entre recargas, de acordo com o protocolo de homologação WLTP. Anuncia-se a possibilidade de aumentar a energia no acumulador de 20% para 80% em 24 minutos – ou até a hipótese de “reabastecer” 100 km em 10 minutos. Consumo médio anunciado: 14,3 a 14,6 kWh/100 km.
Os três automóveis competem no segmento B e são de marcas da Stellantis. Logo, pouco surpreendentemente, a partir de abril, Lancia em produção na unidade industrial do consórcio em Saragoça, Espanha, na mesma linha dos subcompactos de Opel e Peugeot. Nos planos da marca italiana, motorização híbrida do tipo MHEV com mecânica a gasolina 1.2 Turbo apoiada por motor elétrico integrado no módulo da caixa automática de 6 velocidades e versão desportiva HF com mais 40 mm de largura e o sistema elétrico do Abarth 600e (240 cv) – a promessa é de 0-100 km/h em 5,8 segundos!
No painel de bordo do Ypsilon, posicionados lado a lado e longitudinalmente, dois monitores digitais, ambos com 10,25’’, para instrumentação e multimédia. Ainda assim, a Lancia não abdicou do recurso a comandos físicos para algumas funções, incluindo a climatização, que encontramos, sobretudo, abaixo do ecrã no centro do “tablier”. O segmento B introduz a tecnologia SALA (acrónimo de Sound Air Light Augmentartion), que reúne ar condicionado, iluminação e som para adaptação mais rápida do ambiente no interior ao tipo de utilização do automóvel. O equipamento de série é abundante, com muitas assistências eletrónicas à condução. Entre os elementos menos comuns na categoria em que concorre, bancos dianteiros com regulações elétricas, aquecimento e função de massagem.
Gamma em 2026 e Delta em 2028
A Lancia não apresentava automóvel novo há mais de 10 anos, mas o plano de relançamento é ambicioso “q.b.”, desde logo por contemplar mais dois até 2028, ambos com desenhos inspirados no estudo Pu+RA HPE apresentado o ano passado, a exemplo desta 3.ª geração do Ypsilon, mas produzidos e vendidos só como elétricos: em 2026, berlina Gamma com 4,7 m de comprimento e duas ou quatro rodas motrizes baseada na plataforma STLA Medium da Stellantis; em 2028, introdução do compacto… Delta! Na primeira fase do programa, 70 concessionários na Europa, com Itália, Bélgica, Países Baixos, França, Espanha e Alemanha como mercados prioritários.
Ypsilon, Gamma e Delta são fundamentais para o “renascimento” da Lancia, marca negligenciada durante anos, independentemente do “património” enorme que possui. A Stellantis, sob a liderança do português Carlos Tavares, decidiu reabilitá-la com o objetivo de (tentar) passar a contar com rival de fabricantes como Audi ou Mini, o que a proprietária anterior (FCA) não conseguiu, quando decidiu passar a vender automóveis da Chrysler com o logotipo do fabricante transalpino. O ano passado, venderam-se 44,891 exemplares do subcompacto, quase todas no mercado doméstico.
A fusão da FCA com a PSA em janeiro de 2021 garantiu oportunidade nova para marca quase moribunda e em risco de desaparecimento, com a integração da Lancia na mesma unidade de negócios de Alfa Romeo ou DS Automobiles e sob a liderança de Luca Napolitano. A ambição aumenta agora, embora o subcompacto com desenho assinado por Jean-Pierre Ploué, homem-forte do “design” da Stellantis, que decidiu inspirar-se no passado para criar automóvel que introduz até o logotipo para o futuro, “vide” a traseira reminiscente do Stratos, partilhe componentes e elementos a mais com subcompactos de Citroën, Jeep, Opel ou Peugot, o que não combina com o reposicionamento “perseguido” pelos italianos, que identificam Audi A1 e Mini Cooper (S e SE) como as referências (e os “alvos”…) do Ypsilon. A possibilidade de sucesso da empreitada conhecer-se-á apenas depois do lançamento do terceiro Lancia novo.
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