O Grupo Volkswagen planeia fechar três fábricas na Alemanha e despedir milhares de funcionários naquele país, em resposta às mudanças profundas que a indústria automóvel europeia atravessa neste momento. O plano de reestruturação deverá implicar ainda a redução de salários dos restantes trabalhadores.
O Grupo Volkswagen está a planear fechar, pelo menos, três das suas fábricas na Alemanha, o que implicará o despedimento de cerca de milhares de funcionários naquele país, numa consequência direta da mudança de paradigma no setor automóvel e do ambiente altamente concorrencial que se sente cada vez mais, sobretudo com a chegada dos construtores chineses.
Várias figuras do setor automóvel – como Carlos Tavares, CEO da Stellantis, ou Luca de Meo, CEO do Grupo Renault – já alertaram, no passado, para o risco de a indústria europeia vir a perder preponderância e até a sua sustentabilidade perante os desafios atuais ligados à transição energética e à concorrência cada vez mais forte de construtores provenientes da China.
Agora, o Grupo Volkswagen deverá também tomar uma medida inédita de encerrar três das suas fábricas na Alemanha, em locais ainda por conhecer, conforme adiantou Daniela Cavallo, líder da comissão de trabalhadores da companhia, que tem também lugar no Conselho de Supervisão, partilhando esta informação com os trabalhadores.
“A administração está a levar tudo isto muito a sério. Não se trata apenas de um jogo de palavras nas negociações coletivas”, afirmou, citada pela Reuters, confirmando que existe uma concordância nos problemas enfrentados pela indústria automóvel atual, “mas que estamos a mundos de distância nas respostas aos mesmos”.
“A administração está a levar tudo isto muito a sério. Não se trata apenas de um jogo de palavras nas negociações coletivas”
Outras medidas de contenção de custos passarão pela redução de salários em 10% e o congelamento de dois anos dos mesmos, permitindo assim poupar cerca de 4 mil milhões de euros, de acordo com informação avançadas também pelo jornal alemão Handelsblatt.
Reestruturação necessária
De acordo com os principais responsáveis da Volkswagen, estes planos de reestruturação são necessários para manter a companhia rentável e capaz de lidar com os desafios em termos de custos de produção face à concorrência.
“A situação é séria e que a responsabilidade dos parceiros negociais é enorme"
Citado também pela Reuters, Gunnar Kilian, membro do Conselho de Administração do Grupo Volkswagen, alertou que “a situação é séria e que a responsabilidade dos parceiros negociais é enorme… Sem medidas concretas para recuperar competitividade, não seremos capazes de suportar investimentos essenciais no futuro”.
Medidas concretas serão anunciadas nos próximos dias, tendo em conta também os resultados comerciais e financeiros que serão divulgados esta quarta-feira, sendo esperados pelos analistas quebras nas vendas e na faturação, num reflexo da redução da procura por automóveis na Europa ao longo dos últimos meses, sobretudo dos elétricos, cujos custos de produção são ainda superiores aos de modelos a combustão.
Itália corta apoios
No mesmo dia, também Itália anuncia uma medida que poderá ser prejudicial para o setor automóvel, especialmente para as marcas que compõem o Grupo Stellantis, como a Fiat, Alfa Romeo ou Maserati. De acordo com as mais recentes informações divulgadas hoje, o Governo transalpino, liderado por Giorgia Meloni, irá cortar os apoios para o setor automóvel em 4.6 mil milhões de euros ao longo dos próximos cinco anos (até 2030).
Segundo a proposta de orçamento divulgada em Itália pelo ministro da Economia, Giancarlo Giorgetti, o apoio financeiro ao setor automóvel será reduzido em 4.6 mil milhões de euros, reduzindo assim substancialmente a verba inicialmente alocada para aquela indústria que era de 5.8 mil milhões de euros (entre 2025 e 2030), que visava ajudar os construtores na transição para a mobilidade elétrica.
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