Fabricantes de automóveis ambicionavam adiamento das metas ambientais para 2025, que obrigam a diminuições expressivas nas emissões de CO2 e pressupõem o pagamento de multas multimilionárias pelos infratores, mas Comissão Europeia não admite “marcha-atrás” nos prazos de implementação das regras, como várias marcas ambicionavam!
A União Europeia (UE) não demonstra abertura para qualquer forma de adiamento de prazos para introdução das regras novas de proteção ambiental, sobretudo das normas que obrigam a uma diminuição muito expressiva nas emissões de CO2 em 2025 e ao abandono do comércio de automóveis novos com motores térmicos em 2035. Disse-o Wopke Hoekstra, o neerlandês responsável pelas “pastas” do Clima e Crescimento Limpo na Comissão de 27 membros comandada pela alemã Ursula von der Leyen. Mantém-se, portanto, o objetivo de atingir a neutralidade carbónica na região em 2050, predisposição que pressupõe a adoção de políticas climáticas e energéticas que promovam as energias limpas e a descarbonização da indústria e dos transportes.
A Associação Europeia de Fabricantes Automóveis (ACEA), entidade liderada pelo italiano Luca de Meo, o administrador-delegado do Grupo Renault, com o apoio de diversos construtores (alemães entre os mais ativos nas atividades de lóbi…), mas contra a vontade de Carlos Tavares, português à frente do consórcio Stellantis, foi malsucedida na tentativa de sensibilizar a Comissão Europeia para a necessidade de revisão do calendário para a implementação das normas mais restritivas – fê-lo com o apoio de diversos estados-membros da União. Segundo cálculos recentes, as multas por violação dos limites de emissões de CO2 em 2025 podem atingir os 15 mil milhões de euros, admitindo-se que só o Grupo Volkswagen possa ter de vir a pagar cerca de três mil milhões!
A UE não recuará na proibição de motores de combustão interna em 2035
Hoekstra, confrontado com a posição de diversos fabricantes de automóveis (e as pressões políticas de muitos governos europeus), informou que os limites de CO2 para 2025 não sofrerão quaisquer mudanças e também deixou a garantia de que a UE não recuará na proibição de motores de combustão interna em 2035, exceto se não produzirem quaisquer emissões poluentes – e, assim, mecânicas a gasolina e gasóleo, por exemplo, “fora de jogo”. As normas da CE impõem o cumprimento de limites cerca de 15% inferiores aos de 2021, o que será viável apenas com a venda massiva de carros elétricos, como o Citroën ë-C3 e o Peugeot E-3008 que ilustram esta notícia, mas a procura da tecnologia está a diminuir na maioria dos mercados da região.
Durante discussão com deputados no Parlamento Europeu (PE), Hoekstra afirmou que a indústria tem conhecimento das normas há muitos anos, mas reconheceu a necessidade de apoiar ainda mais o setor neste processo de transição energética, sobretudo com a satisfação da exigência de investimentos maiores na construção de infraestruturas públicas para carregamento das baterias dos carros elétricos. A CE, a pedido da Alemanha, também introduziu uma mudança legislativa que “abre a porta” à utilização dos combustíveis sintéticos para a sobrevivência dos motores de combustão interna no pós-2035.
“Este processo arrastou-se muito no tempo, mas conseguiu-se o consenso. Neste momento, não podemos recuar no que decidimos para o setor automóvel”, disse o neerlandês, que também sublinhou a necessidade de “mais previsibilidade” tanto nas políticas ambientais como nas económicas. Ainda assim, a pressão mantém-se: Giorgia Meloni, a chefe do governo italiano, pediu à EU uma revisão dos planos, alertando quer para o abrandamento nas vendas de automóveis novos, sobretudo elétricos, quer para o aumento da concorrência chinesa e o risco de agravamento das taxas aduaneiras a pagar pelos fabricantes europeus tanto na China como nos EUA. E a Chéquia apoia a iniciativa de Roma.
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