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Foto do escritorPedro Junceiro

Tourbillon: 1800 cv de essência Bugatti

Atualizado: 6 de jul.

O sucessor do Chiron chama-se Tourbillon e encontra-se equipado com sistema híbrido que combina um motor V16 e três motores elétricos.Potência combinada: 1800 cv! A marca anuncia aceleração 0-300 km/h em menos de 10 s e produção limitada a 250 exemplares.



Mantendo-se fiel ao motor de combustão interna, a Bugatti apresentou o novo Tourbillon, inspirando-se nalguns dos seus modelos mais emblemáticos do passado, mas com uma orientação muito clara no sentido da exclusividade e do luxo. Com 1800 cv a partir de um sistema híbrido da mais recente geração, este novo hiperdesportivo da marca francesa dá seguimento a um legado de automóveis de elevada exclusividade que teve início em 2004 com o Veyron de 1001 cv e continuidade em 2016, com o lançamento do Chiron de 1500 cv.


Só o V16 atmosférico do Tourbillon é capaz de 1000 cv e 900 Nm!

Esses dois modelos contavam com motor W16 8.0, o que já não é o caso do Tourbillon, que recorre a um V16 atmosférico com 1000 cv e 900 Nm. O que também se altera é a lógica utilizada para a escolha de denominações, abandonando-se a temática de homenagem a antigos pilotos da Bugatti. Ao invés, se Tourbillon faz um elo de ligação à nacionalidade da marca, também é uma referência ao mundo da relojoaria de alta precisão, sendo vista ainda hoje como o pináculo da relojoaria em termos de complexidade e beleza.



Outro dado relevante é o de ser o primeiro Bugatti produzido sob o comando de Mate Rimac, desde que este assumiu o cargo de diretor da companhia, que cita a inspiração nos icónicos Type 57SC Atlantic, Type 35 e Type 41 Royale. “O desenvolvimento do Tourbillon foi guiado a cada passo pelos 115 anos de história da Bugatti e pelas palavras do próprio Ettore Bugatti. Os seus conceitos "se for comparável já não é Bugatti" e "nada é demasiado belo" motivaram-nos, a mim pessoalmente, bem como às equipas de 'design' e engenharia, que procuram criar a próxima era emocionante na história dos hiperdesportivos Bugatti”, afirma o croata.


“Muito simplesmente, [o Tourbillon] é incomparável. E tal como aqueles ícones do passado, não será simplesmente para o para o presente, nem para o futuro, mas ‘Pour l’éternité’ – para a eternidade”, acrescenta. Nesse sentido, o hiperdesportivo utiliza uma série de técnicas de engenharia concebidas para nunca passarem de moda, como o painel de instrumentos elaborado por relojoeiros suíços.



Desenho intemporal 

O desenho do Tourbillon foi moldado pela velocidade, tal como nos anteriores Bugatti, embora sem esquecer a elegância e inspiração nos modelos do passado. O facto de superar os 400 km/h exige uma elevadíssima precisão aerodinâmica, não só para manter o automóvel estável, mas também para efeitos de termodinâmica, devido à conjugação de um motor V16, motores elétricos e bateria de alta voltagem.

 

Alguns dos conceitos estéticos são fundamentais à Bugatti, como a grelha dianteira em forma de ferradura, a Linha Bugatti, a quilha central e o esquema de duas cores. Concebido por Frank Heyl, o design do Tourbillon insinua inspiração em modelos históricos, como os já mencionados Type 35, Type 57SC Atlantic e Type 41 Royale.



Beneficiando dos mais de 20 anos de experiência com o Veyron e o Chiron, o Tourbillon apresenta uma série de tecnologias patenteadas. Por exemplo, a asa traseira até aparenta estar submersa na carroçaria durante trajetos a elevada velocidade. Por outro lado, a asa é utilizada para criar maior força descendente a velocidades mais baixas e como um travão de ar para melhorar a estabilidade em desaceleração. Essencial para este conceito é também o difusor elaborado, que aparenta estar dividido entre uma parte superior e uma inferior, integrando a própria estrutura anticolisão para que a solução seja eficiente tanto no lado aerodinâmico, como do "design".


Para entrar e sair do Tourbillon, portas diédricas acionadas eletricamente, podendo ser abertas e fechadas desde a chave ou em botões por baixo da Linha Bugatti e na consola central

 

Na dianteira, a típica grelha em ferradura assume o destaque, com os faróis esculpidos também a terem efeito aerodinâmico ao permitirem a passagem do ar rumo às laterais. Esta intrincada interação do fluxo de ar é ainda mais exemplificada pelo design frontal, no qual se situa um conceito de refrigeração ultraeficiente que direciona o ar para dentro e para fora do capot dianteiro, aumentando a força descendente, dispondo ainda de uma bagageira considerável entre os dois radiadores.



Luxo e exclusividade 

É no interior que a Bugatti procurou cunhar melhor a sua ideia de intemporalidade, aqui com uma grande influência do mundo da relojoaria, já que muitos dos relógios centenários ainda hoje podem ser usados com total confiança e elegância. De forma muito literal, essa inspiração está presente no painel de instrumentos concebido com a ajuda de relojoeiros suíços. Composto por mais de 600 peças e construído em titânio, com recurso também a pedras preciosas como safiras e rubis, o esqueleto do painel de instrumentos tem um peso de 700 g. Todos os instrumentos são visíveis através do volante, estando diretamente montados na coluna de direção.

 

A consola central é uma mistura de vidro cristalino e alumínio. Esse vidro foi desenvolvido em 13 fases distintas para garantir a sua total nitidez e rigidez em caso de acidente

As peças de alumínio da consola são anodizadas e fresadas a partir de um único bloco de metal, enquanto os interruptores de alumínio serrilhado estão na cabeça de um mecanismo complexo que é totalmente visível sob o vidro de cristal - inteiramente desenvolvido internamente. O ato de ligar ou desligar o veículo também é emblemático - um puxão para arrancar e um empurrão para parar.



Um ecrã de alta definição está escondido através de um mecanismo concebido para permitir a sua utilização a partir da parte superior da consola central: revela-se para permitir o modo retrato para a câmara de marcha-atrás em apenas 2 s e o modo paisagem completo em 5.


Outros detalhes de elevado refinamento são apontados: os bancos, por exemplo, são fixados ao chão para serem tão leves e baixos quanto possível e os pedais podem ser ajustados eletricamente para a frente e para trás para garantir uma posição de condução confortável para todos. Até o sistema áudio está a ser concebido sem os tradicionais altifalantes e "woofers" tradicionais, optando por um sistema avançado que inclui excitadores nos painéis das portas e em todo o automóvel para utilizar os painéis interiores existentes como altifalantes.



Prestações de excelência 

Rimac admitiu, recentemente, que a Bugatti não poderá prescindir dos motores de combustão interna e este Tourbillon dá continuidade ao legado de motores térmicos de elevadíssima eficácia. Com apenas 252 kg de peso, o novo V16 atmosférico de 8,3 litros foi desenvolvido com o auxílio dos especialistas da Cosworth, surgindo associado a três motores elétricos – dois no eixo dianteiro (e-Axle), ambos com 250 kW, outro no eixo traseiro, também com 250 kW. Em conjunto, a potência atinge os 1800 cv, dos quais 1000 são provenientes do motor de combustão e 800 cv dos motores elétricos, havendo ainda que contar com uma nova caixa automática de dupla embraiagem e 8 velocidades.

 

O conjunto elétrico tem motores que atingem 24.000 rpm, integra inversor duplo de carboneto de silício e está entre os mais potentes do mundo. Bateria com 24,8 kWh de capacidade e arquitetura de 800 V permite até 60 km em modo elétrico

 

Como resultado destes dados, o Tourbillon acelera de 0 aos 100 km/h em 2 segundos e demora menos de 5 a chegar aos 200 km/h e menos de 10 a "cruzar" os 300 km/h. Mas há mais: os 400 km/h são atingidos em menos de 25, com o Bugatti a manter-se em aceleração até atingir a velocidade máxima (apenas com chave dedicada) de 445 km/h (caso contrário, consegue "apenas" 380).



Engenharia de ponta 

Para manter o peso sob controlo, o Tourbillon recorre a diversas soluções de engenharia de ponta. O chassis e a carroçaria são totalmente novos, com composição em carbono T800 de nova geração. Entre as medidas para reduzir o peso está a inclusão da bateria como parte estrutural do monocoque e a já indicada estrutura de colisão integrada no difusor traseiro, que retira inspiração do automobilismo.


Com um preço de partida de 3,8 milhões de euros, apenas serão produzidas 250 unidades no Atelier Bugatti em Molsheim

 

A suspensão multi-link está também integrada no chassis, sendo de alumínio forjado em contraponto com as peças em aço do Chiron. As novas soluções de composição da suspensão permitem que seja 45% mais leve, no total, em comparação com o Chiron. Tudo isto resulta num peso total de 1.995 kg. Os travões são igualmente avançados, apresentando a mais recente tecnologia carbocerâmica feita por medida, bem como os pneus Michelin Pilot Cup Sport 2 com as medidas 285/35 R20 (F) e 345/30 R21 (T).


Apesar de ter sido revelado, o Tourbillon ainda tem de cumprir a etapa final do programa de desenvolvimento, com testes tanto em estrada como em pista. A entrega das primeiras unidades a clientes está prevista apenas para 2026.



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