Num segmento em que os rivais são agora em menor número, a Kia renova o Picanto em termos tecnológicos e de equipamento. Mas também a aposta nos motores se altera – a atualização conta apenas com motor 1.0 MPi de 63 cv. Escolha limitada, mas será preciso mais?
Já foi um dos segmentos mais populados do continente europeu, mas atualmente são cada vez menos os construtores a apostar no mercado dos citadinos. Para o efeito, há que apontar, essencialmente, duas razões: o desinteresse dalgumas marcas, que passaram a apostar noutros segmentos mais rentáveis, e a necessidade de incluir cada vez mais tecnologias de segurança obrigatórias por regulamento, aumentando assim o preço. Logo, reduzindo a rentabilidade.
Os condutores continuam à procura de modelos de dimensões muito compactas e mais acessíveis
Porém, noutro dado curioso, a procura não abrandou na Europa, o que demonstra que os condutores continuam à procura de modelos de dimensões muito compactas e mais acessíveis. É neste cenário que a Kia renova o Picanto, que vai atualmente na sua terceira geração. Aliás, o modelo renovado é apenas uma atualização e não uma geração totalmente nova, mas a marca sul-coreana está confiante de que as mudanças agora operadas são necessárias para manter o Picanto “vivo” e em destaque, aproveitando ao mesmo tempo o fim do Rio para colmatar a lacuna deixada com o final desse modelo de segmento B.
O estilo é, então, um dos seus maiores diferenciadores, com inspiração na filosofia de design “Opposites United” (“Opostos Unidos”), com vários elementos a chamarem a atenção, sobretudo na dianteira, onde se pode encontrar um novo para-choques, a grelha “Tiger Nose” reinterpretada e também novos guarda-lamas e capot. Também os grupos óticos são renovados, quer os faróis, quer as luzes de circulação diurna.
Atrás, os farolins têm novo desenho, com um elemento luminoso central na tampa da bagageira a conceder uma sensação de maior largura ao modelo, algo que é complementado pelos refletores situados bem nas extremidades do para-choques. A marca apresenta ainda novas jantes de 14 polegadas neste modelo Urban, de série.
Kia irá lançar também uma variante de aspeto mais desportivo, a GT Line
Porém, mais para o final do ano, a Kia irá lançar também uma variante de aspeto mais desportivo, a GT Line, que não terá alterações mecânicas ou técnicas, mas sim mais equipamento visual ao nível da grelha, para-choques e jantes, que passam a ser de 16 polegadas. A ideia da marca é diferenciar mais as duas variantes de equipamento, mas o facto de não dispor em Portugal de motor mais potente tirar-lhe-á um pouco de relevância… Voltemos ao sujeito deste teste.
Interior completo
Sem alteração de medidas (cresce apenas 1 cm no comprimento por causa dos para-choques), o Picanto mantém o seu interior bastante funcional e apto para quatro passageiros, embora com as limitações naturais das dimensões exteriores (3,61 m de comprimento): dois adultos conseguem viajar comodamente na segunda fila, destacando-se positivamente a altura do assento ao tejadilho e o acesso aos lugares posteriores. Também muito positiva é a capacidade de bagageira, que varia entre os 255 e os 1010 litros.
Composto por materiais sólidos – quase integralmente por plásticos duros –, o habitáculo do Picanto é robusto e bem construído, devendo elogiar-se a visibilidade geral, a posição de condução e a facilidade de operação de todos os sistemas: o ar condicionado continua a ter o velho esquema de botões e comandos físicos, enquanto o volante (com pega até desportiva) incorpora uma série de botões para controlar o sistema multimédia e o painel de instrumentos digital.
Na vertente digital, a marca operou algumas mudanças, surgindo equipado de série com um painel de instrumentos digital de 4,2 polegadas e um ecrã central tátil de 8 polegadas que permite ligação Bluetooth a dois dispositivos móveis em simultâneo e conexão aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto de série.
Com a aplicação Kia Connect, a marca inclui também diversos serviços, como informações de trânsito em tempo real, meteorologia, pontos de interesse (POI) e possíveis estacionamentos na rua e em parques. Os utilizadores podem ainda enviar remotamente rotas para o seu automóvel antes de uma viagem, verificar a localização do mesmo e aceder a relatórios de funcionamento e avisos de diagnóstico. O sistema multimédia admite também comandos de voz com pesquisa online para pesquisar POI, moradas e atualizações meteorológicas e muitas das funções podem ser atualizadas remotamente (“over-the-air”).
Dentro do Picanto subsiste, pois, um ambiente agradável, robusto e bem concebido, que acolhe bem os passageiros com as comodidades necessárias para o segmento e para o estilo de vida mais moderno dos condutores. A mais não seria obrigado…
Preferência aos ritmos urbanos
Revisto para obedecer a normas de emissões cada vez mais estritas, o motor 1.0 MPi do Picanto mantém arquitetura de três cilindros e alimentação atmosférica, gerando 63 cv de potência e 93 Nm de binário, estando associado a caixa manual de cinco velocidades (há automática robotizada de cinco velocidades em alternativa).
O motor 1.0 MPi exibe prestações adequadas para o segmento em questão
Efetivamente, sem ser um poço de força, o motor 1.0 MPi exibe prestações adequadas para o segmento em questão, oferecendo boas impressões nas acelerações em ritmos urbanos, onde atinge os 50 km/h com facilidade, sendo exatamente nesse ambiente que se sente mais “natural”. Isto porque em estradas nacionais ou autoestradas exige recurso frequente à caixa de velocidades para manter ou aumentar o ritmo, o que é notório quando é preciso efetuar uma ultrapassagem ou entrar numa via rápida. O facto de ser unidade praticamente nova, com pouquíssimos quilómetros no odómetro, também ajudará a explicar estas impressões de condução.
Não obstante, trata-se de um nível de desempenho em linha com o segmento A, tanto mais que o Picanto renovado privilegia a moderação nos consumos, com um valor no ensaio de 5,7 l/100 km a comprovar alguma frugalidade bem-vinda proporcionada por esta combinação de motor e caixa manual de cinco velocidades.
De igual forma, no comportamento, sobressai o conforto deste citadino, com amortecimento suave e capaz de filtrar bem as irregularidades do piso, sem por em causa a estabilidade dinâmica desde que não se pretendam grandes “acrobacias” em curva. A direção com boa assistência e o manuseamento escorreito da caixa manual são também bons atributos que tornam o Picanto num modelo agradável de conduzir, nomeadamente, quando em cidade, palco no qual a sua agilidade ganha pontos.
Mais equipado
Alinhando-se com as novas normas da UE, o Picanto passa também a ter mais equipamento de segurança, passando a incluir elementos como a Assistência à Prevenção de Colisões Frontais 1.5 com deteção de veículos, ciclistas e peões e travagem ao virar em cruzamentos, assistência à manutenção na faixa de rodagem, aviso de atenção do condutor com aviso de arranque do veículo da frente e assistência inteligente de velocidade, entre outros.
Embora o motor se revele algo “curto” para grandes viagens fora da cidade, vale a pena considerar que o Picanto é económico q.b. e está particularmente à vontade dentro da cidade, naquele que será o seu “centro” preferencial de atuação. O modelo sul-coreano usufrui, ainda, de boa ergonomia, dotação tecnológica completa para o preço e habitabilidade que cumpre com os preceitos esperados para um modelo de 3,6 m de comprimento.
Ágil nas grandes cidades e com boa lista de equipamento
Ágil nas grandes cidades e com boa lista de equipamento, o Picanto 1.0 MPi Urban acaba por ser bastante apelativo num mercado em que os carros acessíveis parecem ser cada vez em menor número. Pelo preço de 17.500€ nesta versão de entrada Urban (ou 16.409€ com campanha de financiamento proposta pela Kia), o Picanto pode muito bem ser a solução para quem procura um citadino competente e completo.
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