Marca norte-americana prepara-se para ganhar (muito) dinheiro com o negócio da venda de créditos de emissões de dióxido de carbono (CO2) a diversos fabricantes que arriscam pagarem multas milionárias à União Europeia por incumprimento da média-limite 93,6 g/km em vigor desde o primeiro dia de 2025. Entre os “clientes”, Ford, Stellantis ou Toyota.
A Tesla prepara-se para beneficiar, diretamente, da adoção de regras antipoluição muito mais restritivas na União Europeia (UE), que obrigam a redução na média de emissões de dióxido de carbono (CO2) dos automóveis novos comercializados na região para apenas 93,6 g/km, o que corresponde a diminuição de 19% no frente a frente com 2024 (116 g/km, de acordo com a consultora Dataforce). Por produzir e vender apenas automóveis elétricos, o fabricante norte-americano tem a hipótese de vender créditos de emissões. E, entre os “candidatos” à compra, encontram-se Ford, Stellantis, Mazda, Subaru e Toyota.
Os objetivos da UE para a diminuição de CO2 em 2025 são cerca de 15% inferiores aos de 2021 e integram o pacote de medidas aprovado para conseguir que a região atinja a neutralidade carbónica em 2025, que obriga, também, ao fim do comércio de automóveis novos com motores de combustão interna em 2035, medida que o Parlamento Europeu (PE) aprovou em fevereiro de 2023. Segundo muitos analistas do setor, este ano, para cumprirem as regras, os fabricantes precisam de aumento exponencial nas entregas de automóveis elétricos, para cerca de 20% das vendas. No entanto, na Europa, a procura estagnou, com a quota de mercado a manter-se abaixo dos 14%...
O incumprimento do objetivo obriga ao pagamento de multa de 95 € por grama de CO2 acima do limite novo, por automóvel, estimando a ACEA, a representante dos construtores, que o montante total das coimas supere os 15 mil milhões de euros, número que outra entidade, esta empenhada na proteção do ambiente (Transport & Environment) antecipa como muitíssimo mais baixo: menos de 1000 milhões de euros.
Multa de 95 € por grama de CO2 acima do limite novo, por automóvel
Os fabricantes, de acordo com os regulamentos europeus, podem criar parcerias. A Tesla prepara-se para liderar grupo e, formalmente, comunicou essa intenção às autoridades europeias, de acordo com fonte próxima da Comissão Europeia (CE). Os norte-americanos não confirmaram estas notícias, mas porta-voz da Stellantis admitiu que a associação ao construtor de Elon Musk “assegurará o cumprimento dos limites de emissões na Europa e a otimização dos nossos recursos financeiros e industriais”. Ford e Toyota também não comentaram as notícias.
Segundo dados da ACEA, os fabricantes integrados no grupo da Tesla representam quase 30% das vendas de automóveis novos no mercado europeu durante 2025. A representante dos construtores continua a pressionar as autoridades da UE para a necessidade de adiamento da implementação das regras novas, ou para a revisão do objetivo, e tem o apoio de famílias políticas europeias e estados-membros.
A venda de um automóvel elétrico, de acordo com especialistas, pode compensar as emissões de três ou quatro modelos com motores a gasolina ou gasóleo.
Em 2025, na UE, primeira grande redução nas emissões de CO2 desde 2020-2021. Alguns fabricantes cumpriram as metas, mas outros ficaram aquém dos objetivos e, por isso, pagaram multas de mais de 500 milhões de euros, casos de Grupo VW, JLR ou Suzuki. Antecipa-se, portanto, a formação de mais grupos de construtores, “fórmula” com o apoio tanto do maior fabricante europeu como do Grupo Renault, embora o grupo da Tesla esteja aberto a outras candidaturas até 5 de fevereiro.
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