Ricardo Quintas (Adamastor): “transição energética errada”
- Pedro Junceiro
- há 2 dias
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Atualizado: há 1 dia
Fundador e Diretor Executivo da Adamastor, marca do Porto que está a desenvolver o primeiro supercarro português, defende que a transição energética focada na eletrificação “não está a ser vista da forma correta pela classe política”. A solução ideal seria do tipo “multicombustíveis”.

Responsável máximo pela Adamastor, Ricardo Quintas está ao leme da operação que pretende colocar nas estradas o primeiro supercarro de origem portuguesa, o Furia. Este automóvel está a ser desenvolvido predominantemente em Portugal e é observado como o primeiro esforço nacional num mercado dominado por fabricantes como Aston Martin, Ferrari, Lamborghini ou McLaren, entre outros.
Equipado com um V6 de 3,5 litros fornecido pela Ford Performance e capaz de debitar mais de 650 cv, o Furia "dispensa" quaisquer fórmulas de eletrificação, mantendo-se, por isso, fiel à mecânica de combustão interna sem adição de sistemas híbridos que acrescentam complexidade técnica e aumentam os custos de desenvolvimento e produção.
Para Quintas, este é um assunto relevante na indústria automóvel atual, mas que também revela uma abordagem pouco alinhada com a realidade em termos de decisões políticas no que toca ao esforço quase único de eletrificar os carros para se atingir a neutralidade carbónica.

“Na minha opinião, a transição energética não está a ser vista da forma correta pela classe política. O problema normalmente atribuído aos automóveis com motor de combustão é esse mesmo, o da sua solução técnica, quando na verdade o problema são os combustíveis utilizados”, refere o fundador da Adamastor, sediada no Porto.
“Há mais de 25 anos que existem em Portugal tecnologias desenvolvidas pelas nossas universidades que permitem produzir combustíveis, por exemplo, a partir de resíduos, combustíveis que respeitam o ciclo de carbono e, assim, inócuos em termos ambientais. A solução de eletrificar não está, claramente, bem pensada, nomeadamente o cálculo dos custos ambientais associados à obtenção dos metais raros necessários para a produção de baterias e motores elétricos, bem como o estudo do que lhes fazer assim que termine o seu ciclo de vida útil. Isto para não falar na produção de energia e das infraestruturas necessárias para alimentar toda essa transformação futura do mercado”, prossegue, dando então a sua opinião de que os combustíveis sintéticos serão essenciais para se atingirem emissões de carbono nulas com custos inferiores para os consumidores.
"O motor de combustão interna pode, perfeitamente, manter-se como uma solução válida"
“A solução passa, na minha opinião, pelos multicombustíveis, entre eles, os combustíveis sintéticos. Os combustíveis fósseis, sim, terão de acabar por uma questão ambiental, mas o motor de combustão interna pode, perfeitamente, manter-se como uma solução válida, passando a usar-se um combustível sintético. É uma solução já suportada pelo motor do Adamastor Furia e disponível, por exemplo, nos postos de abastecimento do Norte da Europa”, complementou.

Competição em análise
Por outro lado, uma das áreas em que os combustíveis sintéticos começam a ser determinantes é na do automobilismo, no qual o desenvolvimento acelerado poderá ter frutos na transição de combustíveis neutros em carbono para os postos de abastecimento nas vias públicas. Neste mesmo sentido, Ricardo Quintas também adianta que a Adamastor está a analisar a possibilidade de ingressar numa qualquer categoria desportiva no futuro.
“Continuamos a analisar com parceiros uma potencial participação num campeonato de resistência. Mas este é um tema que está, ainda, em aberto, pois depende, por exemplo, da homologação do Furia de estrada e da posterior homologação numa categoria aprovada pela FIA ou pelo promotor da competição em causa”, explica.
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