Elétrico ou térmico, extremamente aerodinâmico e altamente personalizável, o Renault Master de nova geração mudou praticamente tudo (com a exceção das pegas das portas) para manter o seu estatuto de referência no segmentos dos comerciais médios
Ao entrar na sua quarta geração, o Renault Master exibe um passado repleto de sucessos, com mais de três milhões de unidades vendidas desde 1980 (em mais de 50 mercados), embora muito antes já os comerciais da marca francesa dessem cartas. Agora, imbuído do ADN e dos principais elementos de ADN dos comerciais Renault, o Master parte para uma nova etapa, assumidamente mais eficiente e com uma ótica de personalização muito vincada desde o momento de produção.
Orientado para o segmento dos furgões de maiores dimensões, no qual a Renault foi líder em 2023, com quase 10% de quota de mercado, o Master destaca-se, em primeiro lugar, pelo seu estilo. Apesar de volumoso, o modelo é definido como “Aerovan”, ou seja, um furgão altamente trabalhado aerodinamicamente para ser mais eficiente, um conceito essencial numa época em que uma carroçaria mais fluida ajuda a ir mais longe no que toca a elétricos (embora aplicável às demais motorizações).
Esse trabalho de otimização aerodinâmica tem até a curiosidade de ter levado a marca a escolher um túnel de vento construído para avaliar o desempenho aerodinâmico dos aviões, uma vez que o Master é demasiado grande para ser testado no túnel de Saint-Cyr, utilizado habitualmente pela Renault. Nesse, apenas pôde utilizar modelos à escala de 83%. No final, o coeficiente de arrasto do novo Master é mais de 20% inferior ao da geração precedente, batendo também – segundo a marca – os principais rivais.
Isso reflete-se em escolhas de desenho como o para-brisas mais avançado e inclinado, espelhos retrovisores estilizados, tomadas de ar no para-choques mais trabalhadas e uma secção traseira mais estreita, um feito alcançado sem limitar a capacidade de carga. Paralelamente, o maior apuro aerodinâmico também melhorou o conforto acústico no habitáculo.
Todo este trabalho permitiu melhorar o rendimento de forma muito concreta. As emissões de CO2 do novo Renault Master baixaram 39 g/km e estão agora abaixo das 200 g/km no caso das versões a gasóleo, enquanto na versão E-Tech elétrica regista uma melhoria de 20% em relação ao Master atual.
Esteticamente, a marca procurou incutir um aspeto altamente distinto, como a grande grelha dianteira na qual se insere o novo logótipo da Renault.
Os novos faróis Full LED em formato de “C” contribuem para aparência mais moderna, enquanto o elemento em “U” sob a grelha pode ser preto granulado ou, no topo da gama, da mesma cor da carroçaria. Os clientes podem escolher entre sete cores de carroçaria de série e mais de 300 cores especiais. O vidro traseiro é assimétrico - uma caraterística típica do Master - e as luzes traseiras também adotam padrão em forma de “C”.
A marca aponta, ainda, o facto de cada painel lateral ser uma peça única, o que contribui para um aspeto sólido e para uma maior rigidez para evitar deformações. No meio de tudo o que mudou, apenas os puxadores das portas foram mantidos entre gerações.
Interior de trabalho
A bordo, o Master volta a destacar-se pelo manancial de locais de arrumação e pela capacidade de personalização que permite ao modelo francês adaptar-se praticamente a cada tipo de função. O tablier apresenta um formato curvilíneo em forma de “S’, dando mais espaço ao condutor, notando-se ainda o esforço na redução dos comandos e botões disponíveis a bordo. A grande maioria dos sistemas é agora controaldo no ecrã tátil central de 10 polegadas, que é de série em toda a gama com sistema OpenR Link com conectividade avançada e ligação Android Auto e Apple CarPlay para reproduzir o ecrã de um smartphone.
Este sistema irá crescer para englobar novas funcionalidades ao longo do tempo, com atualizações gratuitas “over-the-air” para mais de 20 funções, durante cinco anos. O painel de instrumentos pode ser analógico com ecrã central TFT ou totalmente digital (de série nas versões E-Tech elétricas) com personalização do grafismo.
Opcionalmente, o Master pode equipar o sistema OpenR Link com as capacidades integradas do Google, baseado no sistema operativo Android Automotive OS 12, permitindo navegação Google Maps, assistente virtual do Google e acesso ao catálogo de aplicações da loja. Os condutores do modelo podem ligar o sistema à sua conta Google - como um smartphone - para uma experiência online otimizada. Está ainda disponível um carregador de smartphone sem fios.
A utilização do sistema multimédia OpenR Link com capacidades integradas do Google também abre a porta à criação de aplicações personalizadas para veículos transformados. Três aplicações estão disponíveis no lançamento: uma para os bombeiros, uma para a transformação em oficinas móveis e uma para a transformação em veículos frigoríficos. Estas aplicações são desenvolvidas pelos próprios profissionais da transformação e são integradas diretamente no sistema OpenR Link, permitindo controlo fácil e direto no ecrã de 10 polegadas.
A ampla escolha de bancos inclui variantes com suspensão, bancos individuais e três tipos de bancos duplos de dois lugares (dois em tecido e um em TEP). Quanto aos espaços de arrumação, a marca disponibiliza até 130 litros no habitáculo, espalhados pelo tejadilho, área superior do tablier, porta-luvas profundo ou até sob os bancos dianteiros, podendo aí guardar-se os cabos de carregamento da versão elétrica, por exemplo. O banco dianteiro central pode também ser deitado, criando uma área de trabalho suplementar. Estranheza apenas para a ausência de puxadores de apoio nos pilares A – a solução é utilizar os suportes para copos no tablier para ajudar na subida aos lugares da frente. A marca garante resistência...
Diferentes tamanhos
O novo Master terá uma gama a pensar nas diferentes necessidades dos profissionais: composto por 20 tipos de carroçaria de 11 a 22 metros cúbicos, abertura da porta lateral deslizante 40 mm mais larga e áreas de carga 100 mm mais longas (até 1.625 kg de capacidade de carga). São também propostos 20 tipos de carroçarias com transformações realizadas em fábrica, numa área que permite a montagem de caixas abertas fixas e basculantes, cabine prolongada com até sete lugares, numa medida que permite igualmente reduzir os prazos de entrega e simplificar a logística de transporte.
Quanto a dimensões, a marca garante carroçarias L2 a L4, não faltando uma L3 para utilização mais citadina. A distância entre eixos mais curta e o eixo dianteiro redesenhado proporcionam maior agilidade, resultando também numa redução do raio de viragem de 1,5 metros.
Mutlienergias: do elétrico ao hidrogénio
A utilização de uma plataforma multienergia foi pensada, desde o início do desenvolvimento (que demorou cerca de sete anos) para receber diferentes tipos de motorização, desde os térmicos ao elétrico (E-Tech), passando pelo hidrogénio (H2), esta última apenas com lançamento previsto para 2025.
Começando pelas motorizações Blue dCi, o Master terá quatro níveis de potência, 105, 130, 150 e 170 cv, com binários entre os 330 e os 380 Nm, dependendo da variante, surgindo todas estas variantes associadas a uma caixa manual de seis velocidades. Mais tarde, no outono, chegará uma caixa automática de nove velocidades (origem ZF). Para estas mecânicas, a Renault garante consumos substancialmente inferiores (menos 1,5 l/100 km em média) e maior eficiência nas emissões de CO2 (menos 39 g/km, para valor abaixo dos 200 g/km).
Versão que assumirá um peso cada vez maior na gama será a elétrica. No novo Master, duas versões disponíveis: 131 cv (96 kW) e 143 cv (105 kW), sempre com 300 Nm de binário máximo. A primeira versão recorre a uma bateria de 40 kWh e tem uma autonomia WLTP de 180 km, a segunda a uma bateria de 87 kWh e oferece uma autonomia WLTP até 410 km. A marca destaca a maior eficiência da versão de 40 kWh, com autonomia equiparada à da atual Master, apesar de ter uma bateria de menor capacidade, logo, mais leve.
A versão de maior potência, com a bateria de 87 kWh, regista consumo energético médio em ciclo WLTP de 21 kWh/100 km, tirando partido do sistema de gestão do calor da bateria. No carregamento, além do sistema de regeneração durante a condução (com modos “ECO” e “B” para maior desaceleração e consequente recuperação de energia), o Master admite carga rápida de 130 kW (repõe 229 km de autonomia em cerca de 30 minutos), enquanto um carregador doméstico de 22 kW (CA) permite carregar a bateria de 10% a 100% em pouco menos de 4 horas.
A versão elétrica em nada compromete a sua competência: capacidade de carga útil até 1.625 kg e peso rebocável de 2,5 toneladas. O Master E-Tech inclui ainda as funcionalidades V2L (Vehicle-to-Load) e V2G (Vehicle-to-Grid), permitindo fornecer a sua própria energia a outros dispositivos (até mesmo veículos elétricos). Também é possível alimentar partes da carroçaria personalizadas (compartimentos refrigerados, portas traseiras automáticas ou sistemas extra de climatização) diretamente a partir das baterias.
Independentemente da variante, o Master congrega uma lista abastada de assistentes de condução, com um total de 20 elementos, como sistemas de estabilidade lateral, de travagem automática de emergência e de assistência à estabilidade do reboque, além do obrigatório sistema de Assistência Inteligente de Velocidade, para ajudar o condutor a respeitar os limites de velocidade. O espelho retrovisor digital garante boa visibilidade nas versões sem óculo traseiro.
Competências acessórias
Através do ecossistema Renault Pro+ e da Mobilize, a Renault fornece várias formas de acesso ou serviços conectados para melhorar a funcionalidade geral da experiência de utilização, o que é particularmente válido para o setor profissional.
As encomendas para o novo Master irão abrir em julho, com as entregas previstas para as semanas seguintes. A produção irá ter lugar, uma vez mais, em Batilly (perto de Metz, no Leste de França).
Entre os elementos do Renault Pro+, destaque para os mais de 600 centros de atendimento em 25 países que prestam assistência, mas também ligação aos parceiros conversores (360 conversores oficialmente certificados) e acesso aos pontos de carregamento em rede a ampliar nos próximos anos. Da parte da Mobilize, o realce vai para os sistemas Fleet Connect, plataforma online para otimizar a gestão de frotas em tempo real - incluindo monitorização do consumo, geolocalização, delimitação geográfica e desafios de condução ecológica - para simplificar as operações e poupar dinheiro, ou o Fleet Data, que fornece dados em bruto dos veículos (distância percorrida, alertas de manutenção, geolocalização, etc.) para alimentar outras ferramentas de gestão.
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