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Foto do escritorPedro Junceiro

Renault: hidrogénio deve ser visto como complemento aos EV

Embora a aposta da grande maioria dos fabricantes esteja nos automóveis elétricos, há também quem dedique muitos recursos à tecnologia do hidrogénio, sobretudo, quando aplicado aos veículos comerciais de longo curso. A Renault é uma das marcas que mais confia nesta solução, com o Vice-Presidente Senior da Renault Veículos Comerciais, Heinz-Jürgen Löw, a explicar como o hidrogénio e a eletrificação podem ser complementares.



Com a Master H2 pronta para chegar a alguns mercados europeus na segunda metade de 2025, a Renault dá mais um passo na expansão da sua aposta nos veículos comerciais a hidrogénio, sendo esta uma evolução mais profunda da tecnologia que a marca gaulesa, através da Hyvia, já apresentou anteriormente em modelos de produção limitada.

 

Para Heinz-Jürgen Löw, Vice-Presidente Senior da divisão de automóveis comerciais ligeiros da Renault, esta solução tem tudo para ser bem-sucedida desde que observada como uma tecnologia complementar à dos elétricos, sendo que ambas têm a sua própria finalidade e clientes-alvo.



“Nós sempre dissemos que acreditamos que os veículos elétricos a bateria são a escolha certa para uma grande quantidade de casos. Mas há alguns casos em que a autonomia e o tempo ganham peso. E acreditamos que a solução hidrogénio/elétrica pode ser uma boa oferta complementar – não para substituir os elétricos a bateria, mas uma oferta complementar para alguns casos especiais”, fincou, em declarações à E-AUTO, deixando ainda bem claro que esta tecnologia apenas poderá vingar com investimento e aposta na expansão da rede de abastecimento, que é ainda diminuta na grande maioria dos países europeus.


Com efeito, a larga maioria dos postos de hidrogénio estão situados em França e Alemanha, prevendo-se que o número de estações neste último país duplique das atuais 40 para mais de 80 no próximo ano.



“Já vimos, quando criámos a Hyvia [NDR: divisão de desenvolvimento de soluções a hidrogénio no seio da Renault] que oferecer apenas o veículo não é suficiente. Mas é por isso que dissemos que queremos tomar conta de todo o ecossistema, o que quer dizer que temos o veículo, mas que também poderemos ter hidrogénio verde e ter a cargo a estação e como reabastecer. É isso que estamos a fazer com alguns parceiros e penso que faz parte do negócio. Porque oferecer apenas o veículo a hidrogénio não será suficiente”.


Na linha da frente sem “arriscar números” 

Neste mercado, tendo a versão H2 do Master prestes a chegar ao mercado para complementar as ofertas a combustão e elétrica, a Renault espera posicionar-se de forma favorável para assumir a dianteira, mas o homem-forte dos comerciais da Renault VCL também sabe que é difícil efetuar grandes extrapolações em termos de números.



“É difícil dizer com sinceridade qual o volume de vendas a médio prazo. Não consigo dizer. Dissemos que queremos estar preparados dentro do mercado do hidrogénio e estamos a assumir que poderemos ter uma quota de mercado de 30%, assim que o mercado exista. Mas a questão que fica é: será que são 500 veículos, 5000 ou 50.000 veículos? Não consigo dizer e vendo o tempo que demorou do primeiro veículo elétrico há dez anos até aos dias de hoje, prevejo que o hidrogénio demore um tempo semelhante e depois cresça. Mas, também podemos ver que, passados esses dez anos, estamos aqui sentados e que o mercado de veículos elétricos não cresceu como teríamos esperado. No geral, sabem que as previsões quanto à transformação dos veículos elétricos foram bastante otimistas. Estamos agora a enfrentar a realidade este ano, no qual a procura está a reduzir-se pela primeira vez em muito tempo”.

 

Por outro lado, Löw está confiante que o setor dos comerciais ligeiros irá continuar a crescer, de mão dada com os elétricos, mas que “também é preciso ter mente aberta para tudo o resto”.

 

“Tal como já referi, o crescimento dos comerciais será feito maioritariamente com os elétricos. Mas temos de estar atentos e não estamos a excluir os e-fuels e o hidrogénio. (…) Posso dizer-vos que todos os nossos motores de combustão atuais são compatíveis com combustíveis sintéticos. Por isso, já estamos prontos. Estamos a experimentar também com o hidrogénio, mesmo com os veículos de passageiros, e eu diria que um dos pontos mais importantes hoje é termos a mente aberta. Temos de ter um setor descarbonizado, mas penso que temos de ser abertos à tecnologia”.


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