Piloto monegasco da Scuderia Ferrari cumpriu sonho de menino: ganhar o grande prémio doméstico, nas ruas em que cresceu. Este domingo, finalmente, depois de cinco tentativas malsucedidas (4.º classificado em 2022 como melhor resultado!), conseguiu-o, vencendo, aos 26 anos, a edição 81 de corrida que pontuou pela 70.ª vez para o Mundial de Fórmula 1.
A história do desporto, incluindo a da Fórmula 1, faz-se com momentos como o que Leclerc viveu este domingo, intensamente, na cidade em que nasceu há 26 anos. Filho de ex-piloto de F3 que morreu em 2017, aos 54 anos, vítima de cancro, quando o ás da Scuderia Ferrari ainda competia na Fórmula 2, Charles é o primeiro monegasco a vencer o Grande Prémio do Mónaco na categoria de topo da competição automóvel, mas não o primeiro cidadão do Principado a ganhar esta corrida criada em 1929. Louis Chiron conseguiu-o em 1931, num Bugatti T51, após 100 voltas a circuito que tinha, à época, 3,180 km, depois de arrancar da 11.ª posição da grelha de partida.
Este domingo, depois de garantir a “pole” na véspera, com 1.20,270 m na volta aos 3,337 km da versão mais recente do circuito em Monte Carlo, Leclerc acabou com uma malapata no Mónaco (abandonou em 2018 e 2019, foi impedido de participar em 2021 e terminou na 4.ª posição em 2022 e na 6.ª em 2023) e somou a sexta vitória da carreira na Fórmula 1, primeira em 2024. Charles, o piloto mais novo da equipa Ferrari a ganhar grande prémio no Mundial (conseguiu-o em 2019, aos 21 anos, em Spa, na Bélgica), não comemorava uma primeira posição no campeonato desde a Áustria-2022.
“Estou muito, muito emocionado! Esta corrida fez-me sonhar com a hipótese de tornar-me piloto de Fórmula 1 e, hoje, durante o grande prémio, pensei bastante no meu pai, que fez tudo para proporcionar-me este dia. É inacreditável! O carro e a equipa estiveram incríveis durante todo o fim de semana e, encontrando-me na frente, tive de preocupar-me apenas com a degradação dos pneus. A todos, incluindo aos fãs e aos amigos nas bancadas, muito obrigado”, exclamou Leclerc, que emocionou até o Príncipe Alberto II, de lágrima no canto olho no momento que o entregou o troféu ao piloto da Ferrari, escuderia que ganhou pela 10.ª vez no Principado – mais, só a McLaren, com 15 triunfos!
No demais, corrida sem história, se ignorássemos tudo o que aconteceu na primeira volta, nomeadamente o acidente em Beau Rivage, após toque do Haas de Kevin Magnussen no Red Bull de Sergio Pérez, que também deixou o Haas de Nico Hülkenberg "fora de jogo", depois de abalroado pelo monolugar descontrolado do mexicano. Até à bandeira vermelha, outro incidente, desta vez em Portier, entre os Alpine-Renault de Esteban Ocon e Pierre Gasly. Bruno Famin, diretor da equipa francesa, considerou o episódio "lamentável" e “inaceitável”, prometendo “mão muito pesada” para o culpado, facto interpretado quase instantaneamente como a "abertura da porta de saída" para Ocon no final da temporada…
Arranque acidentado na edição 70 do Mónaco na Fórmula 1. Colisão dos monolugares de Kevin Magnussen, Nico Hülkenberg e Sergio Pérez obrigou à exibição de bandeira vermelha
No relançamento da corrida, depois da limpeza da pista e da reparação das barreiras de proteção, 66 voltas (quase) sem história. A mudança obrigatória dos pneus cumpriu-se durante a paragem e, por isso, quase todas as escuderias optaram pela adoção de ritmo mais moderado para prolongar a longevidade dos Pirelli. E, assim, num circuito sem pontos de ultrapassagem e com piso seco, zero riscos, nada relevante para contar até à bandeira de xadrez, desta vez agitada por Kylian Mbappé, astro do futebol formado no… Mónaco!
No “top-7” do Mónaco-2024 e sem mudanças de ordem, terminaram os primeiros sete classificados na qualificação da véspera, com Max Verstappen, que comanda o campeonato de forma confortável (ainda?!...), a acabar na sexta posição, entre os Mercedes de George Russell e Lewis Hamilton.
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