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Seat Toledo Electric nos Jogos de 1992

Atualizado: 31 de jul.

Com Paris a receber os Jogos Olímpicos de 2024, vale a pena recordar um automóvel que foi concebido em especial para a edição de 1992, que teve lugar em Barcelona, Espanha: à frente do seu tempo, o Seat Toledo Electric nasceu como um projeto especial pensado para a promoção da sustentabilidade.



A edição de 1992 dos Jogos Olímpicos, realizada em Barcelona, Espanha, é hoje mais recordada por ter sido aquela em que a nova ordem mundial ficou patente: a queda do Muro de Berlim e a consequente reunificação da Alemanha impulsionaram o desaparecimento do bloco de Leste. A competição na Catalunha contou com a Alemanha unida, bem como com a participação de diversos países independentes novos, casos de Lituânia, Letónia, Eslovénia ou Estónia. Enquanto isso, no plano cultural, Freddy Mercury e Montserrat Caballé cativaram com o seu hino, apropriadamente denominado “Barcelona”.


Mas, para o universo dos automóveis, os Jogos Olímpicos de 1992 também trouxeram um protagonista surpreendente, fruto do empenho daquela que se tornou na mais bem-sucedida marca espanhola, a Seat. A atravessar um período de revitalização após a sua aquisição pelo Grupo Volkswagen, a marca de Martorell havia lançado o Toledo (modelo que na Volkswagen tinha o Vento como semelhante) em 1991, preconizando uma nova era de sinergias e qualidade para a Seat.



Com os Jogos Olímpicos de verão a decorrerem em Barcelona em 1992, a marca tornou-se também na parceira oficial, dando também o seu contributo para um evento que, já na época, procurava diferenciar-se pela sustentabilidade. Ao mesmo tempo, esse megaevento mundial dava à marca o palco perfeito de marketing e divulgação. Nesse sentido, a Seat cometeu a ousadia de elaborar um Toledo elétrico, removendo o motor de combustão e dando-lhe algum papel de protagonista nalguns momentos – por um lado, sem emissões poluentes, acompanhou o percurso final da tocha olímpica até ao estádio e, por outro, liderou a prova de maratona, o que pressupôs alguns desafios para a equipa de desenvolvimento da Seat.


Os regulamentos para a maratona impunham que o automóvel que “comandasse” a competição ao longo dos cerca de 42 km não podia ter quaisquer emissões poluentes.

 

Os regulamentos da maratona decretavam que o veículo que “liderasse” a competição ao longo da prova de 42 km não podia ter emissões poluentes, pelo que os engenheiros da marca trabalharam durante três meses para desenvolver um Toledo elétrico. De acordo com Thomas Kurz, um dos engenheiros da Seat, “fazer um carro elétrico naquela época era algo de inédito, pelo que foi excitante. Foi uma novidade tão grande que quando acabámos o veículo tivemos de o registar primeiro na Alemanha, porque não sabíamos como matricular um carro elétrico em Espanha”.



Autonomia no limite 

O Toledo, em si, não precisou de grandes mudanças estruturais, mas muita coisa foi alterada. Ao contrário dos automóveis elétricos de hoje, o Toledo Electric tinha um conjunto de 16 baterias de gel que aportavam um peso adicional de 500 kg à berlina. Por outro lado, o motor elétrico de apenas 22 cv (16 kW) não era propriamente entusiástico nas prestações, demorando 28 segundos a acelerar dos 0 aos 70 km/h, para uma velocidade máxima de 100 km/h (necessária para homologação). Também essenciais, os travões foram revistos, para acompanhar o incremento de peso.

 

O propósito era mesmo o de acompanhar a maratona, cujo percurso de cerca de 42 km estava (quase) no limite dos 50 km de autonomia prevista em ciclo urbano; e o percurso tinha algumas subidas mais íngremes que não facilitavam a missão.

 

“Naquela época, não se falava do carro elétrico como um bem de consumo. O peso das baterias, a baixa potência e a reduzida autonomia não o tornavam viável como automóvel de série. Tinha apenas autonomia suficiente para a maratona, tendo em conta que havia subidas íngremes que faziam com que o Toledo elétrico consumisse mais”, afiançou ainda Thomas Kurz.

 

Atualmente, o Seat Toledo Electric é um dos muitos automóveis guardados na nave A122, um espaço em Martorell onde são guardados praticamente todos os automóveis da Seat e da Cupra, entre modelos de produção em série, de competição e protótipos.



Toledo Podium para os medalhados 

Mas, a história dos modelos Toledo associados ao Jogos Olímpicos de 1992 não se ficou pelo Electric, já que a marca também criou 23 unidades especiais, denominadas Toledo Podium, que foram entregues aos 22 medalhados olímpicos espanhóis dessa edição (uma unidade ficou reservada para a própria Seat, encontrando-se também na nave A122).

 

Na carroçaria, a pintura bicolor em cinzento demarcava-a, mas as alterações mais importantes estavam no habitáculo, com revestimentos em pele de cor creme nos bancos e de madeira no "tablier". Adicionalmente, enquanto pináculo tecnológico, também contavam com telefone.

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