Estudos de acidentologia rodoviária indicam que as mulheres estão mais expostas aos riscos de sofrerem lesões graves em acidentes! Isto explica-se: os equipamentos de segurança nos automóveis foram desenhados para eles, não para elas. O que dizem os especialistas…
Em Sindelfingen, Alemanha, no Centro de Tecnologia Mercedes-Benz para Segurança Automóvel, realizam-se até 900 testes de colisão todos os anos, que envolvem 120 “dummies” em 21 versões diferentes (bebés, crianças de diversas idades, manequins femininos e masculinos de diferentes tamanhos e pesos, etc.). Hanna Paul lidera a equipa que trabalha neste programa e assegura que não observa diferenças entre homens e mulheres no potencial de risco em caso de acidente.
“No caso de lesões graves ou fatais, não existem disparidades relevantes percetíveis entre os sexos. Nos ferimentos leves, sim, existem algumas disparidades, mas apenas em situações individuais. As mulheres estão mais expostas a lesões nalgumas zonas do corpo (pernas/pés e chicotadas dos impactos traseiros), enquanto os homens são mais afetados noutras (cabeça e peito)”, explica.
Estudo comparativo recente da ADAC (o Clube Automóvel Alemão) também concluiu que as mulheres grávidas, comparativamente, a outros utilizadores, não correm mais perigos com os cintos de segurança. “Utilizando-os corretamente, em caso de acidente, protegem tanto grávida como feto”, diz Hanna. Atualmente, os “dummies” encontram-se regulamentados e de forma detalhada, o que garante a certificação mundial de todos os testes – até as roupas utilizadas estão consideradas neste tipo de regulamentos.
Estas tecnologias de simulação passam por período de mudança geracional… “O manequim THOR está a substituir o Hybrid III de 1986. Os bonecos THOR são mais biofidélicos, ou seja, representam o corpo humano com mais precisão e permitem medições muito mais exatas! De acordo com a nossa investigação interna, a expansão nos tipos de manequins não traria qualquer melhoria significativa no desenvolvimento da segurança”, diz.
Ainda de acordo com esta responsável, os dados que apontam para a maior vulnerabilidade da mulher remontam, frequentemente, à década de 1980. “Entretanto, aconteceram muitas coisas, registaram-se muitos progressos na segurança passiva dos automóveis. As células de proteção dos habitáculos, mesmo em modelos pequenos, tornaram-se muito mais estáveis. Ao mesmo tempo, os sistemas de retenção modernos foram introduzidos em todas os tipos de carros. Os limitadores de força dos cintos, por exemplo, que reduzem a pressão no peito, adaptam-se às necessidades dos ocupantes”, acrescenta.
Segundo números da Administração Nacional de Segurança Rodoviária dos EUA (NHTSA), as disparidades nas taxas de mortalidade entre homens e mulheres caíram significativamente a partir de 2000. No entanto, é um facto que as mulheres, por norma, ainda conduzem carros mais antigos e pequenos, o que, de acordo com a seguradora americana ‘Insurance Institute for Highway Safety’ (IIHS), eleva o risco de lesões em caso de acidente”, alerta.
“Dummies” para o menino e para a menina
“Dummies femininos de impacto frontal e impacto lateral são utilizados nos testes de colisão da Mercedes-Benz há mais de 20 anos. “São instrumentos importantes para medirmos forças físicas e trajetórias. Os pesos e os tamanhos derivam de dados humanos reais. Os manequins femininos são adaptados e dimensionados em função da anatomia das mulheres. No entanto, e isto é decisivo, as forças que atuam nos manequins nos nossos ensaios são convertidas em riscos de lesões, que calculamos com base em dados de lesões tanto para homens como para mulheres. Os limites comuns para manequins femininos são mais baixos que para os manequins masculinos, para os mesmos riscos de ferimentos”, destaca a mesma responsável.
Isto significa que os manequins fazem um bom trabalho ao representar os riscos de lesões para as características anatómicas diferenciadas e diferenciadoras de homens e mulheres. O tamanho e o peso dos tipos de manequins utilizados na Mercedes-Benz são específicos do género.”, conclui Hanna Paul.
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