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Mercedes-Benz E 300 de Station

Referência incontornável, há largas décadas, do segmento dos grandes familiares de prestígio, a Classe E da Mercedes vai na sua sexta geração, quando se considera apenas aquelas em que a nomenclatura tem como prefixo a motorização (desde 1993, com o restyling da chamada série W124), ou na décima primeira, levando-se em linha de conta também aquelas cuja denominação comercial era exatamente a oposta (da original W120, nascida em 1953, à W124, lançada em 1984).



Um modelo com um longo historial de invejável sucesso, que, hoje, é proposto em duas configurações de carroçaria (berlina e station, esta última também na polivalente derivação All-Terrain), e opções de motorização a gasolina e Diesel (sim, a marca da estrela continua a apostar nesta tecnologia!), todas eletrificadas, se bem que em diferentes graus (mild hybrid ou híbridas plug-in).


À venda em Portugal a partir de 78.600 €.

 

Aqui em avaliação, a variante de cariz mais familiar, e com potencial para conjugar reduzidas emissões poluentes e entusiasmantes custos de utilização (leia-se: consumos muito reduzidos), na forma da nova E 300 de Station, à venda em Portugal a partir de 78.600 €. Uma carrinha que, à primeira vista, poderá, até, parecer apenas um restyling da sua predecessora, mas em que as alterações operadas acabaram por não ser de pouca monta, pese embora um visual exterior que não mudou radicalmente, antes primou por atualizar um conceito conhecido e, de algum modo, conservador, pautado por formas elegantes e distintas. Ainda assim, são dignos de menção os grupos óticos com novas assinaturas luminosas; a grelha frontal redesenhada; a linha de tejadilho mais dinâmicas; e as quase intermináveis referências à estrela que desde sempre tem sido o logótipo da casa de Estugarda.



Pelo contrário, o interior foi o que mais evoluiu na mais recente geração do Classe E. Se a habitabilidade já era excelente, agora é ainda melhor, em boa parte devido ao ligeiro aumento das dimensões exteriores (4 mm em comprimento, 28 mm em largura, e 1 mm em altura), e, sobretudo, da distância entre eixos (22 mm) – pelo que mesmo os passageiros de maior estatura dispõem de um extremamente generoso espaço para as pernas atrás. Por seu turno, a bagageira perdeu 20 litros com os cinco lugares montados, mas ganhou 15 litros estando o banco traseiro totalmente rebatido (o que pode ser feito na proporção 40/20/40), embora o mais importante, no caso em apreço, seja sublinhar que, nas versões híbridas plug-in, a volumetria é 155 litros inferior à das suas congéneres animadas por motores térmicos mild hybrid (405-1675 litros contra 615-1830 litros), devido à instalação da bateria de alta tensão na traseira.



Não menos importante, a par de uma discreta, porém, elegante, e muito bem conseguida, decoração, é a soberba qualidade geral, assegurada por materiais e acabamentos irrepreensíveis, decisiva para criar um ambiente a bordo com muita classe, e digno dos maiores elogios. E tudo isto sem que a vertente tecnológica tenha sido esquecida, como o prova o extenso lote de sistemas avançados de assistência à condução, assim como o deveras evoluído e completo sistema de infoentretenimento MBUX, repleto de funções e funcionalidades, comandado através de um ecrã tátil central de grandes dimensões, e com inúmeras possibilidades de personalização, o mesmo se podendo afirmar do painel de instrumentos totalmente digital de 12,3”.


O muito correto posto de condução não merece reparos

O muito correto posto de condução também não merece reparos, sendo, por isso, pena, que os muitos botões hápticos existentes no volante, que permitem controlar praticamente tudo, continuem a pecar por uma “hipersensibilidade” que, muitas (demasiadas…) vezes, leva a que seja difícil selecionar aquilo que realmente se pretende.



Para animar a E 300 de Station, a Mercedes recorreu ao já conhecido grupo motopropulsor que combina um quatro cilindros turbodiesel de 2,0 litros (197 cv e 440 Nm) com um motor elétrico (129 cv e 440 Nm), uma bateria de iões de lítio (19,53 kWh de capacidade utilizável), e uma caixa automática de nove relações. Daqui resultando um rendimento combinado de 313 cv e 700 Nm, que só poderia traduzir-se numa resposta ao acelerador sempre imediata e intensa, e em prestações por demais interessantes para uma carrinha com mais de 2,3 toneladas de peso, e praticamente cinco metros de comprimento.



Só que mais importante, para quem opta por uma motorização deste género, serão a autonomia elétrica, e os consumos, sobretudo quando esta se esgota. Em ambas as vertentes, merecidos encómios para a carrinha germânica: em condições reais de utilização, uma carga completa da bateria permitiu percorrer 108 km em estrada, 73 km em autoestrada, e 91 km em cidade, antes que o motor a gasóleo fosse chamado a intervir; com a unidade térmica era a única a fazer mover o veículo, os consumos obtidos foram de 3,9 l/100 km em estrada, de 5,8 l/100 km em autoestrada, e de 7,7 l/100 km em cidade, para uma média ponderada de 6,56 l/100 km.


Uma carga completa da bateria demora 3h00 numa ligação monofásica a 7,4 kW, ou 2h00 se a mesma for trifásica a 11 kW

 

Para quem queira tirar pleno partido deste potencial, sublinhe-se que uma carga completa da bateria demora 3h00 numa ligação monofásica a 7,4 kW, ou 2h00 se a mesma for trifásica a 11 kW – podendo ser reposta, em apenas 20 minutos, 80% da respetiva capacidade num posto rápido de corrente contínua a 55 kW. E que estão disponíveis cinco modos de condução: Battery Hold (mantém a carga da bateria para uma utilização a posteriori, por exemplo, em zonas reservadas a veículos “zero emissões), Electric, Hybrid, Sport e Individual (personalizável) – mas só nos dois últimos as patilhas no volante servem para comandar manualmente em sequência a caixa de velocidades, pois nos restantes a sua função é permitir alternar entre os três níveis de intensidade da regeneração de energia em desaceleração, e um quarto, de funcionamento totalmente automático, em que a mesma varia em função da condução praticada e das condições de circulação.



De resto, no capítulo dinâmico, a E 300 de Station é caracterizada pelos predicados há muito (re)conhecidos de um modelo que, também nesta matéria, dispensa apresentações. O silêncio a bordo é quase absoluto quando a circular em modo 100% elétrico, e pouco se ouve o motor de combustão interna quando este é chamado a intervir, mesmo nos regimes mais elevados, ou quando sob maior carga. Aliás, a velocidades de cruzeiro, mal se dá pela sua presença, também porque o escalonamento da transmissão leva a que opere a rotações muito baixas nas suas relações mais altas, e porque foi inequivocamente competente o trabalho levado a cabo ao nível do isolamento acústico do habitáculo, o que, por seu turno, permite confirmar a excelência da construção e da montagem, patete na inexistência de ruídos parasitas.



Vocacionada para cumprir grandes distâncias com toda a família, e respetivos pertences, a bordo, tarefa que cumpre oferecendo aos seus ocupantes uma tranquilidade absoluta, graças a uma estabilidade imperturbável em estrada aberta, a E 300 de Station brilha, ainda, por um comportamento exemplar para um automóvel com as suas dimensões e peso, caracterizado por reações sempre honestas e previsíveis, mudanças de direção rápidas e precisas, e um ótimo controlo dos movimentos da carroçaria. E mesmo nos traçados mais sinuosos, percorridos a ritmos mais intensos, o que não é, de todo, o seu habitat natural, a agilidade é apreciável.



 Quanto ao conforto, é, as mais das vezes, de nível superior, embora a suspensão nem sempre reaja da melhor forma ao mau piso, sobretudo nos ressaltos mais acentuados, apesar de contar, de série, com amortecimento pneumático no eixo traseiro, para manter constante a altura ao solo, independentemente da carga transportada. O resultado são algumas “pancadas secas” quando tem de lidar com irregularidades mais proeminentes (por exemplo, tampas de esgoto desniveladas), ainda mais sensíveis nos lugares traseiros (porventura devido ao peso extra imposto pela bateria de alta tensão), que não chegam para fazer da E 300 de Station um automóvel desconfortável, longe disso, mas também não deixam de ser notórias, e pouco agradáveis, para os passageiros.



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