Abrandamento na procura de automóveis elétricos obriga Ford a abrandar o ritmo de produção do Explorer em Colónia, Alemanha. “Produzimos mais carros do que conseguimos vender”, escreve-se no comunicado distribuído aos funcionários da fábrica alemã.
A informação encontra-se em reportagem do Kölner Stadt-Anzeiger, o jornal diário de maior circulação na região de Colónia, na Alemanha. A Ford informou todos os trabalhadores da fábrica na cidade que pretende abrandar o ritmo de produção do Explorer, Sport Utility Vehicle (SUV) baseado na plataforma MEB do Grupo VW que venda só com motorizações elétricas, devido à redução de automóveis novos com esta tecnologia em muitos mercados europeus, nomeadamente no alemão.
“Estamos a produzir mais carros do que conseguimos vender”
A marca da oval azul, para adaptar a produção à procura, decidiu reduzir o horário de trabalho à maioria dos funcionários que trabalham nas linhas de montagem da fábrica que produz o Explorer e o “derivado” Capri, concedendo-lhes até semanas de férias, de forma rotativa. Esta notícia cita comunicado distribuído internamente que explica as razões por trás da decisão: “Estamos a produzir mais carros do que conseguimos vender”, lê-se no documento.
Porta-voz da Ford, em declarações à agência DPA, confirmou a notícia. “A procura, sobretudo na Alemanha, está muito aquém do que antecipámos e isso obriga-nos a reajustamentos temporários na produção”, disse. O fabricante norte-americano, depois do ponto final na carreira do Fiesta, segmento B equipado com motores de combustão interna (julho de 2023), investiu cerca de dois mil milhões de euros na modernização da unidade alemã, transformando-a num centro de excelência para a produção de automóveis elétricos. A fábrica tinha 20.000 trabalhadores em 2018 e, atualmente, “só” conta com 13.000.
A produção do Explorer arrancou em junho e, em setembro, arrancou a montagem do Capri, dois automóveis baseados em plataforma do Grupo VW, devido a acordo de parceria industrial, técnica e tecnológica entre as duas empresas. O fabricante alemão também está confrontado com problema partilhado por (quase!) todos os construtores europeus. Preços elevados, incerteza sobre a proibição dos motores térmicos a partir de 2025, falta de pontos para carregamento de baterias e pressão inflacionista estão entre os fatores que mais contribuem para este abrandamento na procura. E, na Alemanha, soma-se a instabilidade política, com a marcação de eleições para 23 de fevereiro do próximo ano, por desentendimentos na coligação que governa o país.
A Ford, por contar com menos automóveis com motores de combustão interna do que a concorrência – concentrou-se mais nos comerciais ligeiros, gama que tem o modelo Transit como “ponta de lança” –, está mais “exposta” ao abrandamento na procura. Em 2025, o fabricante norte-americano também abandonará o fabrico do Focus em Saarlouis, na Alemanha, encontrando-se, neste momento, à procura de interessados na compra desta fábrica.
Os números das vendas refletem o impacto negativo desta estratégia, pelo menos no curto prazo. De acordo com números da associação de construtores (ACEA), as entregas da marca da oval azul, nos primeiros nove meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2023, diminuíram 18%, para 396.975 automóveis. Logo, na quota de mercado, sem surpresa, decréscimo de 4,1% para 3,3%.
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