Marcas dos EUA não escapam às tarifas
- Pedro Junceiro
- há 7 dias
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Atualizado: há 4 dias
A imposição recente de uma tarifa de 25% sobre os automóveis importados para os Estados Unidos da América (EUA) não irá afetar todos os construtores da mesma forma. De acordo com uma análise da JATO Dynamics, algumas das marcas de origem americana serão mais afetadas do que rivais da Alemanha ou do Japão.

Prometidas por Donald Trump ao longo da campanha eleitoral, as tarifas sobre bens importados estão a gerar uma “guerra” comercial de consequências imprevisíveis. Para o setor automóvel, trata-se de mais uma barreira que os fabricantes têm agora de contornar, já que os automóveis produzidos fora dos EUA, mas aí vendidos, passam a pagar mais 25% de tarifa aduaneira.
A ideia por detrás destas tarifas passa pelo aumento da presença dos construtores em solo americano, de forma a aumentar a produção local e aumentar os postos de trabalho, mas é também uma forma de pressão económica sobre todos os outros blocos comerciais. Marcas como a Jaguar Land Rover e a Audi anunciaram já uma “pausa” nas entregas aos clientes americanos enquanto avaliam formas de lidar com a situação, mas nem mesmo os construtores de origem americana estão imunes aos efeitos das tarifas.

De acordo com uma análise feita pela JATO Dynamics, foram vendidos 16.1 milhões de veículos ligeiros novos nos EUA em 2024, dos quais cerca de 6.3 milhões eram automóveis importados, em larga maioria, do México, Canadá, União Europeia, Reino Unido, Japão e Coreia. Mesmo que sejam de marcas americanas. A título de exemplo, a JATO Dynamics dá conta de que os três fabricantes de Detroit – a General Motors (GM), Ford e Stellantis (embora de génese europeia, detém a Chrysler, Dodge, Jeep e Ram) – venderam cerca de 1.85 milhões de ligeiros de passageiros importados nos EUA, perfazendo 13% das suas vendas globais combinadas.
Por outro lado, as japonesas Toyota, Honda e Nissan venderam um acumulado de 1.53 milhões de veículos importados nos EUA, cerca de 9% do seu total combinado. Da parte dos fabricantes alemães, os grupos Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz tiveram no mercado americano cerca de 7% das suas vendas globais de automóveis importados (ou seja, enviados para aquele país).

Americano… naturalizado
O peso das tarifas sobre os fabricantes de ascendência americana poderá assim ser mais relevante do que para outros construtores, que são mais globais na sua abordagem e com resultados de vendas sólidos não só nos EUA. Alguns dos exemplos são a Toyota ou Honda, que têm “pegada” maior do que Chrysler, Dodge ou Ram.
Outro caso particular é o da General Motors. A marca americana, altamente dependente do mercado americano, depende largamente dos automóveis importados para manter a sua presença, perfazendo 18% das suas vendas globais. A GM está logo atrás do Grupo Hyundai e da Toyota na lista de fabricantes que mais veículos importam para os EUA.

Nota, também, para casos como os da Mazda, com a marca japonesa a indicar que, do total de 1.28 milhões de automóveis vendidos globalmente em 2024, cerca de 343.000 foram de veículos importados nos EUA.
Na opinião de Felipe Munoz, analista da JATO Dynamics, “os EUA são um mercado vital para 14 dos 18 fabricantes de automóveis globais não-chineses. Para empresas como a Volkswagen, os EUA contribuem com um montante relativamente pequeno para as receitas totais da marca, mas esta procurará manter uma presença para conservar a sua posição como marca global. A par da Volkswagen, é provável que a Volvo, a Hyundai-Kia, a Mercedes, a BMW, a Stellantis, a Toyota, a Nissan, a Subaru e a General Motors tenham de aumentar a sua presença nos EUA num futuro próximo. Os EUA são um mercado que não podem abandonar”.
Taxa adicional também para as peças produzidas fora dos EUA
Para piorar o cenário, no entanto, a partir de 3 de maio, também as peças produzidas fora dos EUA e que sejam enviadas para o país – sejam para a produção, sejam para a área do após-venda – irão pagar também uma taxa adicional de 25%, encarecendo igualmente os processos de produção e de reparação.
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