Após a imposição das tarifas suplementares por parte da União Europeia sobre os veículos elétricos produzidos na China, as autoridades deste país terão apelado às marcas nacionais que parassem de investir nos países da Europa que apoiaram a aprovação das taxas entretanto em vigor.
Numa primeira ação de “resposta” à imposição de tarifas suplementares por parte da União Europeia aos veículos elétricos produzidos na China, as autoridades comerciais do país asiático terão dado indicações aos seus fabricantes para evitarem novos investimentos nos países do “Velho Continente” que apoiaram a aplicação das tarifas sobre os automóveis chineses. Esse pedido terá sido feito durante uma reunião com o Ministério do Comércio no passado dia 10 de outubro.
De acordo com uma informação avançada pela Reuters, esse apelo terá tido como destinatários os fabricantes com planos de expansão mais elaborados no continente europeu, nomeadamente, nos países que, ao longo dos últimos meses, se demonstraram favoráveis à aplicação de taxas suplementares para os elétricos provenientes da China.
A mesma informação indica que fabricantes como a BYD, Geely e SAIC (esta última com a tarifa mais “pesada”, de 35,3%) terão sido os visados nessa pedido. Desta forma, Itália, França, Polónia, Países Baixos, Irlanda, Letónia, Lituânia, Estónia, Bulgária e Dinamarca poderão vir a ser os países “penalizados”, já que foram os que votaram favoravelmente às tarifas sobre os veículos chineses.
No sentido oposto, alguns países poderão beneficiar com essa mesma postura dos fabricantes chineses: Alemanha, Hungria, Malta, Eslovénia e Eslováquia, sendo que a presença da Alemanha neste grupo justifica-se com os interesses dos seus fabricantes na China. Já a Hungria, que tem tido uma política externa bastante alinhada com os interesses comerciais da Rússia e da China, já foi agraciada recentemente com o anúncio de que a BYD irá instalar uma fábrica no país.
Para os italianos, que têm demonstrado muito interesse na obtenção de investimentos chineses, acaba por ser uma potencial má notícia, podendo assim as expectativas de Giorgia Meloni serem goradas num momento em que necessita de alavancar a sua economia.
Marcas ocidentais também aconselhadas
Noutro detalhe peculiar, a Reuters avança também que nessa reunião que decorreu apenas seis dias depois da aprovação das taxas suplementares na Europa, os fabricantes ocidentais que estavam representados no Ministério do Comércio chinês foram igualmente aconselhadas a não investir nos países que apoiaram a introdução das tarifas ou até naqueles que se abstiveram de votar (como foi o caso de Portugal).
Simultaneamente, foram “encorajados” a investir nos países que se opuseram às tarifas, ou seja, aos tais cinco que se opuseram.
As autoridades comerciais da União Europeia e da China continuam em conversações com vista a um eventual entendimento.
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