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Leapmotor: Stellantis “chave” para triunfar na Europa

Com o mercado automóvel europeu cada vez mais povoado de marcas chinesas, a Leapmotor International entende que a “chave” para o sucesso na Europa está nas capacidades da Stellantis em termos de rede de distribuição e de serviços. Tianshu Xin, CEO da companhia, explicou a E-AUTO o que diferencia a marca e como esta pretende ser uma abordagem única entre os concorrentes chineses.



Resultado da parceria assinada em outubro do ano passado entre a Stellantis e a Leapmotor, a Leapmotor International apresta-se a chegar ao mercado europeu com uma abordagem de mobilidade elétrica acessível e conveniente, assentando, em grande medida, nos atributos testados e afinados pela multinacional automóvel liderada por Carlos Tavares.

 

Essa é, de acordo com o CEO da marca chinesa, Tianshu Xin, a maior vantagem face a qualquer outra concorrente que esteja agora a chegar à Europa – os pontos de venda e o acesso à experiência logística da Stellantis, que servirá de elemento potenciador à expansão da Leapmotor International, até mesmo fora do Velho Continente. Com efeito, nos planos de crescimento está a expansão para a América do Sul, África, Médio Oriente e Ásia/Pacífico.



“A diferença chave a nosso favor é que temos a Stellantis. As outras marcas chinesas não têm a Stellantis, essa é a nossa vantagem competitiva particular, ninguém mais pode comparar-se ou competir”, destaca Tianshu Xin, salientando esse ponto como o diferenciador da Leapmotor International.

 

“Quanto tempo é que um novo “player”, chegando à região, leva para construir a mesmo número de pontos de rede? Assinámos o acordo com a Stellantis na China em outubro do ano passado e levou apenas 11 meses a construir este plano. Quanto tempo é que os outros concorrentes demoram a construir a mesma coisa? Três a quatro anos! Fizemos a nossa pesquisa, as nossas análises e concretizámos [o projeto] em menos de um ano. O tempo é crucial. E a cobertura da rede, assim como a garantia das peças de substituição”, acrescenta Xin, que surpreende pela abertura com que responde às questões e pelo domínio da língua inglesa.



Benefícios mútuos 

Para se perceber este modelo de negócio, seguindo as explicações de Xin, é necessário fazer a distinção entre a Leapmotor e a Leapmotor International. A primeira é a marca-mãe, nascida em 2015 e na qual a Stellantis adquiriu uma participação de 21% ao abrigo do acordo do ano passado.


Em 2023 foram vendidos 145.000 unidades da Leapmotor na China

 

Esta desenvolve os automóveis e conta com um crescimento rápido desde 2015 – em 2023 foram vendidos 145.000 unidades da Leapmotor na China, mas, em 2024, contabilizando apenas os dados de vendas entre janeiro e agosto, já está praticamente equiparado a esse valor, com cerca de 139.000 unidades registadas, prevendo-se assim um volume recorde de vendas no presente ano.

 

Valendo-se de distinções técnicas e tecnológicas como o conceito de integração motriz “4-in-1” (com vários componentes diretamente interligados para poupar peso e nas dimensões) e a arquitetura “Cell-to-Chassis”, que torna a plataforma mais leve e espaçosa, a Leapmotor brande o argumento da “tecnologia vertical integrada” como o motivo para a maior rapidez de desenvolvimento.



Por seu turno, a Leapmotor International, enquanto empresa, é uma “joint venture” entre a Stellantis e a Leapmotor, com uma participação de 51/49, ficando esta com os direitos exclusivos sobre os modelos, sobre a comercialização fora da China e sobre os direitos de produção. Essa estratégia irá beneficiar os dois parceiros, já que a Stellantis passa a ter um fabricante puramente elétrico no presente, beneficiando de baixos custos de produção na China, ao passo que a Leapmotor garante a distribuição integrada na rede Stellantis e o acesso aos parceiros financeiros, nomeadamente, os de crédito e leasing da própria companhia, enquadrando-se assim melhor no mercado europeu.

 

Para este ano, a marca pretende criar 250 pontos de venda, tendo como objetivo atingir um volume global de vendas de 500.000 unidades em 2030, “a maior parte registada na Europa”, diz-nos Xin.



“Mercado povoado? Já foste à China?” 

Por outro lado, se são cada vez mais os fabricantes chineses a chegar à Europa, o CEO da Leapmotor International graceja com o tópico e recorda que o verdadeiro mercado concorrencial está na China…


“Nós sabemos que o mercado está povoado, mas todos os mercados estão."

 

“Nós sabemos que o mercado está povoado, mas todos os mercados estão. Achas que o mercado europeu esta povoado? Já foste à China? A China é dez vezes mais povoada!”, atira Tianshu Xin, reforçando o seu ponto com a ideia específica de que há “cinco anos, no pico [do mercado elétrico na China], talvez existissem 250 ou 300 marcas. Agora, há só algumas com vida, as outras estão mortas, desapareceram…”.

 

Contudo, nenhuma marca pode ter sucesso sem automóveis “fortes”, pelo que o CEO da Leapmotor International destaca o facto de lançar-se agora na Europa assente em três pilares – “acessível para todos, tecnologias acessíveis e serviços tranquilizadores para todos”. Ou, como resume Xin de forma muito mais sucinta, “excelência para todos”.



Nesse conceito de simplicidade e acessibilidade cabem, para já, dois modelos, o T03, para a cidade, e o C10, mais vocacionado para as famílias. Mas também aqui a ideia foi reduzir ao máximo a complexidade, o que explica o facto de o T03, por exemplo, não dispor de qualquer opcional (além da cor).

 

“A razão pela qual decidimos lançar o veículo com uma única versão é para reduzir a complexidade. Como sabem, os veículos mostrados aqui são produzidos na China, são postos num barco, vêm para aqui e isso consome tempo e logística. Se tivermos mais níveis de equipamento, aumentamos a complexidade e precisamos de mais fluxo de caixa para suportá-la”, justifica, embora não feche a porta a outras versões mais “despidas” e, potencialmente, mais em conta para o cliente final. Já na lista de produtos para os próximos anos contam-se automóveis para cobrir praticamente todos os segmentos (A, B, C, D e E).



Quanto ao tema das taxas adicionais sobre veículos oriundos da China e o seu potencial impacto não só no preço dos automóveis, mas também na perceção mental dos condutores, o responsável chinês não encontra nada de extraordinário nesta premissa, considerando que reflete a situação atual muito bem.


“Não temos medo das taxas."

 

“Não temos medo das taxas. Isso é normal. Para cada mercado há taxas diferentes. Os Estados Unidos da América até dizem que vão taxar a 200% os produtos do México… Isso é normal, infelizmente, é a situação atual, Do ponto de vista do negócio, temos de cumprir e temos de nos adaptar, de ser flexíveis e ágeis para lidar com a mudança constante do ambiente.

 

Recorde-se que os novos Leapmotor T03 e C10 começam agora a chegar aos diferentes mercados (de forma gradual), com o preço a ser um dos argumentos. O T03 tem um preço base na Europa de 18.900€, enquanto o C10 terá um custo base de 36.400€, esperando-se que sejam bastante similares em Portugal.

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