O C10, um dos dois “pontas-de-lança” com que a chinesa Leapmotor “ataca” o mercado nacional, numa aposta "suportada" pela Stellantis, pretende conquistar os condutores portuguesas pela combinação de estilo, funcionalidade, tecnologia e autonomia elétrica até 420 km. E o preço também é argumento. O Sport Utility Vehicle (SUV) encontra-se disponível a partir de 37.400 €. A maioria dos seus rivais são menos acessíveis.
Além do T03 (ler mais aqui), a Leapmotor tem no C10 outro dos seus representantes de entrada no mercado europeu e, agora, também em Portugal. Este SUV de dimensões mais condizentes com um modelo de segmento D (4,74 m de comprimento) aposta forte na tecnologia e na funcionalidade, oferecendo mais espaço a bordo e sensação mais elevada de qualidade em todos os aspetos.
Com 60% do desenvolvimento do C10 a ser feito de forma interna pela Leapmotor, importa reter que esta é uma marca ainda jovem, nascida apenas em 2015, mas que em 2025 pretende já chegar às 500.000 unidades vendidas na China, aproveitando a apetência natural dos clientes locais pelos modelos 100% elétricos e de novas energias (NEV, ou “New Energy Vehicles”).
Fá-lo sem abdicar de pontos importantes como a componente tecnológica ou dos muitos equipamentos de série, confiando na sua filosofia de que o preço justo e acessível deve estar no cerne das suas operações. Para o C10, isso representa um preço de partida nos 37.400€ (da versão Style), ao qual é aplicado ainda um desconto de 4% no preço de forma a tornar o seu posicionamento no mercado bastante atrativa. Mas este C10 tem mais argumentos do que o preço.
Conjunto sólido
O C10 exemplifica a ambição de internacionalização da Leapmotor (através da parceria criada com a Stellantis, em que esta detém uma participação maioritária de 51%), tendo sido o seu primeiro automóvel desenvolvido especificamente com a regulamentação global de segurança em mente.
Baseia-se na arquitetura LEAP 3.0 desenvolvida pela marca e inclui configuração eletrónica integrada centralmente, conceito “Cell-to-Chassis” (CTC) e o “cockpit” inteligente, com dimensões generosas englobadas num “design” mais aerodinâmico e sólido. Neste ponto, o modelo revela grupos óticos LED horizontais para sensação de largura, puxadores das portas embutidos, antena de estilo “barbatana de tubarão” e “spoiler” superior traseiro. O desenho, mais consensual do que o do T03, aponta para uma sensação de robustez que é sublinhada ainda pelas cavas das rodas ligeiramente quadradas e pelas jantes de 18'' (versão Style) ou 20'' (Design).
As medidas exteriores também favorecem essa mesma ideia, com 4,739 m de comprimento, 1,900 m de largura, 1,680 m de altura e 2,825 m de distância entre eixos, prefigurando um interior amplo e cómodo para cinco passageiros, incluindo adultos.
Interior tecnológico
O conceito interior prima, então, pelo muito espaço à frente e atrás, apresentando materiais de muito boa qualidade nos painéis mais à vista, como nas portas e na parte superior do habitáculo, conjugando-se depois com a área tecnológica muito forte dominada pelos dois ecrãs – o de instrumentos de 10,25'' e o central tátil de 14,6'', sendo a partir deste que praticamente todas as funcionalidades são controladas. A exceção está nos parcos comandos presentes no volante, numa ideia que é decalcada da Tesla.
"Software" pode atualizar-se “over-the-air” (leia-se remotamente)
O sistema multimédia foi concebido pela marca e tem a particularidade de receber atualizações “over-the-air” para manter várias funções atualizadas, incluindo as de assistência à condução, navegação e de cibersegurança. Também a unidade de controlo eletrónico pode ser otimizada para melhorar o desempenho do motor, da transmissão e da gestão da bateria.
Além disso, reage também a comandos vocais, com capacidade de detetar a origem da voz para responder exclusivamente ao condutor ou aos passageiros a pedidos relacionados com navegação, climatização ou controlo do telefone. Aplicações de “streaming” são também suportadas no sistema. Disponibiliza também até cinco pontos de carregamento para smartphones via USB e “wireless” de 15 W.
Como é comum na atualidade, a climatização é controlada pelo ecrã tátil, mas também pode ser comandada pelo smartphone. Depois, há outros elementos interessantes do modelo produzido na China, como o sistema de áudio de 12 altifalantes concebidos para suportar som "surround" 7.1 e com 840 W de potência de saída, tendo sido desenvolvido pela Leapmotor. O sistema de luz ambiente “inteligente” sincroniza-se com a música, mas em termos de iluminação o destaque vai para o enorme teto panorâmico em vidro, de 2,1 metros quadrados, com cortina elétrica.
A aplicação para "smartphone" permite comandar remotamente várias funções do veículo, como o pré-condicionamento do interior ou a programação do carregamento, mas também pode destrancar o veículo em lugar da chave. Com efeito, o C10 não tem chave convencional, mas um cartão NFC, que permite desbloquear o veículo ao tocar com o cartão no espelho retrovisor esquerdo, devendo também passar-se o cartão em sítio dedicado do interior para ligá-lo.
Algo que continua a causar estranheza: os comandos dos vidros elétricos abre em sentido inverso ao que é usual nos modelos do resto do mundo desde há décadas...
Muita arrumação
O C10 admite 435 litros de capacidade na bagageira em configuração normal, podendo chegar aos 1.410 litros com os bancos traseiros rebatidos (profundidade máxima de 1,820 m). A marca salienta, ainda, a flexibilidade do habitáculo, com diferentes possibilidades de rebatimento dos bancos para diferentes necessidades. Adicionalmente, inclui 26 espaços de arrumação: 10 na primeira fila de bancos, 10 na segunda e seis na bagageira
Na tónica da sustentabilidade, o C10 utiliza vários materiais amigos do ambiente, como a celulose, para reduzir em 30% as emissões de carbono durante a produção, também com bancos 3D ergonómicos mais sustentáveis e de grande conforto para os passageiros.
Desempenho mais europeu
Afinado para os gostos europeus com a ajuda dos engenheiros da Stellantis em Balocco, Itália (centro de testes e desenvolvimento dos modelos de Alfa Romeo e Fiat, entre outros), o C10 conta com motor de 218 cv (160 kW) e 320 Nm, o que lhe permite acelerar dos 0 aos 100 km/h em 7,5 segundos e atingir os 170 km/h de velocidade máxima, demonstrando prestações eficazes em todos os ambientes, tanto em registos de autoestrada, como de cidade, aqui pautando-se pela suavidade do modo de condução Eco e pela capacidade da travagem regenerativa.
Motor elétrico tem 218 cv (160 kW) e 320 Nm. Leapmotor C10 adaptado às exigências e preferências dos europeus no centro de testes da Stellantis em Balocco, Itália
Existem outros modos de condução, incluindo um Sport, para respostas mais decididas por via da alteração da gestão do motor elétrico, enquanto o pedal do travão pode ter um tato muito sensível em determinados momentos (embora exista forma de alterar no sistema tátil).
Este SUV demarca-se por ter construção “cell-to-chassis”, o qual integra as células da bateria na estrutura do veículo para poupar espaço e melhorar a rigidez torsional do chassis para 42.500 NM/grau. A bateria da Z Energy tem 69,9 kWh de capacidade, sendo do tipo LFP, e dispõe de gestão térmica para manter a eficiência, sobretudo na fase de recarga. Além disso, o sistema oferece diagnósticos baseados em inteligência artificial, monitorizando o estado de saúde do sistema elétrico em tempo real e fornecendo avi kEh/sos antecipados em caso de mau funcionamento, o que km leva a uma maior fiabilidade global do automóvel. A autonomia combinada em ciclo WLTP é de 420 km, com um consumo energético médio anunciado de 18,8 kWh/100 km.
Ao recarregar, o utilizador conta com carregador de bordo CA de 6,6 kW (30 a 80% em cerca de 6h10), enquanto num ponto rápido (CC) admite 84 kW, passando de 30 a 80% do estado de carga em 30 minutos. A bateria tem uma garantia de oito anos ou 160.000 km. Adicionalmente, graças à inteligência artificial, o C10 pode aprender os hábitos de condução do utilizador e adaptar-se ao longo do tempo, melhorando constantemente as estratégias de software para otimizar o desempenho do veículo.
Cinco estrelas Euro NCAP
Sem desprimorar a segurança, o C10 foi agraciado com as cinco estrelas do Euro NCAP, consórcio que avalia a segurança ativa e passiva dos automóveis novos colocados à venda na Europa. Entre os assistentes à condução, 17 funções, como travagem de emergência avançada, manutenção na faixa de rodagem, deteção do ângulo morto e controlo de velocidade de cruzeiro adaptativo. Por outro lado, além da sua estrutura bastante rígida, demarca-se ainda pelos sete "airbags".
Duas versões, poucas opções
A gama é simples e composta por apenas duas versões: Style e Design, facilitando os processos de configuração e, naturalmente, os de produção e rapidez de envio para a Europa: os únicos opcionais são a cor da carroçaria, por 800 € (cinco: Cinzento Canopy, Branco Pérola, Cinzento Grafite, Verde Jade e Preto Metalizado) e ambientes interiores sem custos (existem dois: Castanho Terracotta e Cinzento Eclipse).
Tudo de resto, ou é de série, ou não pode ser equipado. A versão Style já conta com jantes de 18'', de cinco raios, bancos dianteiros com ajustes elétricas (seis vias para o condutor, só quatro para o passageiro), ar condicionado automático bizona, faróis dianteiras e farolins traseiros LED (dianteiros com ativação automática) e teto de abrir panorâmico. O C10 está ainda equipado com sensores de estacionamento traseiros e câmara panorâmica de 360º.
Já o nível de equipamento Design inclui jantes de 20'' e funcionalidades de conforto como o portão elétrico, vidros traseiros escurecidos e volante aquecido. Os bancos são revestidos em couro de silicone, material muito resistente ao desgaste, dispondo ainda de ventilação e aquecimento nos bancos dianteiros.
Em Portugal, esta gama tem preços a partir de 37.400 €
Os preços em Portugal são de 37.400 € para o C10 Style e 38.900 € para o C10 Design. A marca propõe garantia de quatro anos. E este modelo ainda pode beneficiar de desconto de 4%, de acordo com a marca, tornando o SUV numa proposta mais tentadora. Aliás, o objetivo para o C10 é roubar clientes a outras marcas chinesas, mas também a clientes de outros fabricantes que competem no segmento C, por propor um modelo que tem dimensões e funcionalidades mais usuais nos automóveis do segmento D.
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