SUV com 5,010 m partilha arquitetura elétrica e plataforma com o EV6 e tem 6 ou 7 lugares e tração traseira (204 cv) ou quatro rodas motrizes (385 cv)
A Kia, regularmente, renova o compromisso com a eletrificação assumido nos primeiros anos da década de 2010. O plano está a ganhar velocidade, com o fabricante sul-coreano a anunciar o objetivo de vender 1,2 milhões de automóveis sem mecânicas de combustão interna em 2030, de forma a impor-se como número um nesta tecnologia na Europa. Três anos antes, a marca ambiciona contar com 14 modelos alimentados por eletricidade em vez de gasolina ou gasóleo na gama, mas a novidade do momento é o EV9, Sport Utility Vechicle (SUV) que partilha tanto a arquitetura (800V) como a plataforma (E-GMP) com o EV6 apresentado em 2021 e assume o estatuto de navio-almirante adversário de Audi Q8 e-tron, BMW iX, Mercedes EQE SUV, Volvo EX90 ou Tesla Model X.
A empreitada é muito ambiciosa, sublinha-se, mas a Kia anuncia o EV9 não como produto para produzir e vender em massa, mas como ferramenta de promoção quer da imagem, quer do valor de marca que não para de atrair clientes novos no mercado europeu (416.715 carros em 2020, 502.677 em 2021, 542.423 em 2022). Esta tendência manteve-se no primeiro trimestre do ano (148.571) e, paralelamente, as matrículas de modelos eletrificados representam quota cada vez maior (atualmente, fasquia já acima dos 30%, com 31,0%, contra 27,8% no ano passado).
O EV6 foi o primeiro elétrico da marca assenta numa plataforma dedicada e o EV9 é o primeiro SUV com os mesmos recursos técnicos ou conteúdos tecnológicos. O automóvel novo com 5,010 m de comprimento e 3,100 m entre eixos tem baterias de iões de lítio com 99,8 kWh de capacidade, um ou dois motores e tração posterior ou integral. Na primeira configuração, 204 cv/350 Nm, máximo de 563 km entre recargas (devido à tecnologia de 800V, energia para mais 239 km em 15 minutos, com acesso a terminal de carga ultrarrápido que debite 240 kW!). Na segunda, 385 cv/700 Nm e até 505 km de autonomia. No SUV mais potente, 0-100 km/h em 5,3 segundos e velocidade máxima limitada a 200 km/h.
No EV9, painel digitalizado – no Triple Panoramic Display, lado a lado, três monitores, para instrumentação (12,3’’), climatização (5,3’’) e multimédia (12,3’’) –, comandos táteis hápticos, táteis e vocais, e Nível 3 de condução autónoma (Highway Driving Pilot entre as tecnologias propostas, incluindo algumas ativas só em países com regulamentações mais modernas, o caso da Alemanha).
A gama nacional apresenta-se simplificada, com o RWD disponível apenas em combinação com o acabamento ou nível de equipamento First Edition, por 77.500 € (60.990 €+IVA para empresas, que deduzem o imposto à taxa máxima de 100% e estão isentos de tributação autónoma, por tratar-se de elétrico) e o AWD proposto só como GT-Line, por 89.900 € (67.990 €+IVA). Nas duas versões, apontamentos exteriores e interiores específicos (jantes de 19’’ na primeira e 21’’ na segunda, por exemplo), habitáculos com sete lugares, todos capazes de transportarem adultos sem quaisquer apertos, e muito espaço para carga (capacidade da mala depende da organização dos bancos, anunciando-se 333, 888 ou 2393 litros). Na dianteira e sob o capot do EV9 com tração apenas às rodas traseiras, compartimento suplementar para arrumações (90 litros).
Expectativas da marca para Portugal: 150 unidades do EV9 por ano. É gota no oceano de 8500 matrículas previstas para o próximo ano, mais 1500 do que em 2023. O elétrico novo beneficia de garantia de 8 anos (ou 160.000 km) e paga Classe 1 nas portagens das autoestradas.
Na estrada, considerando quer as dimensões, quer as 2,5 toneladas, o EV9 surpreende de forma positiva. O posicionamento da bateria entre os eixos beneficia o centro de gravidade e a distribuição do peso entre eixos, o que otimiza a estabilidade. A Kia não montou qualquer tipo de amortecimento adaptativo, por isso impressionando mais a capacidade da suspensão, que é independente tanto à frente como atrás. Os movimentos controlados da carroçaria em curva e nas mudanças repentinas de direção confirmam-no. Assim, mais agilidade e precisão. Simultaneamente, elogie-se a capacidade de filtragem do piso, o que melhora o conforto de rolamento, também por reduzir ruídos e vibrações.
No primeiro contacto com o EV9, conduzimos apenas a versão com tração traseira. O SUV move-se com rapidez assinalável e é reativo ao acelerador, devido à disponibilidade instantânea do binário máximo. O motor elétrico também atua nas desacelerações e travagens, por ativar a recuperação de energia, sistema que reduz, simultaneamente, a velocidade do automóvel. O Kia, na versão RWD, tem três modos de condução: Comfort, Eco e Sport. Mais duas notas: ergonomia correta e posição de condução sobrelevada.
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