A marca norte-americana decidiu rever o plano de eletrificação para a Europa e concedeu que o objetivo de vender apenas automóveis elétricos a partir de 2030 é um objetivo “demasiado ambicioso”. Ao invés, a aposta nos híbridos deverá ser para continuar, de acordo com o responsável da divisão de elétricos "Model E".
A Ford está a alterar a sua estratégia de eletrificação na Europa. Há apenas três anos, a marca americana, tal como muitas outras, anunciou o seu compromisso de vender apenas veículos elétricos no continente a partir de 2030, mas a realidade do mercado, com a redução da procura por automóveis 100% elétricos, estará a obrigar a companhia a mudar os seus planos.
O plano da marca de se tornar puramente elétrica em 2030 na Europa “foi demasiado ambicioso”
De acordo com Marin Gjaja, responsável da divisão Model E da Ford, dedicada ao desenvolvimento da mobilidade elétrica, o plano da marca de se tornar puramente elétrica em 2030 na Europa “foi demasiado ambicioso”, alegando que os consumidores demonstraram que queriam algo diferente a curto-termo.
Com a procura por elétricos na Europa a reduzir-se e muitos fabricantes a encontrarem dificuldades para escoarem os seus “stocks”, Gjaja referiu, em declarações à Autocar, que a Ford já não pretende terminar com a comercialização dos veículos com motor de combustão em 2030. O responsável cita vários fatores: a mudança de comportamentos por parte dos consumidores, o custo ainda elevado, a incerteza legislativa na Europa e o final dos incentivos para a compra de veículos elétricos em muitos países.
“Não creio que possamos apostar em pleno em algo até que os nossos clientes decidam que também apostam plenamente"
“Não creio que possamos apostar em pleno em algo até que os nossos clientes decidam que também apostam plenamente e isto está a progredir a diferentes ritmos pelo mundo”, é citado Gjaja. “Penso que os clientes votaram e disseram-nos que [o plano da Ford] era demasiado ambicioso, é o que eu diria. Penso que todos na indústria descobriram da forma mais dura. Diria também que a realidade tem uma maneira de nos fazer ajustar os planos”, decretou ainda.
Liberdade de escolha
Se os elétricos podem não ser a solução imediata que se chegou a supor, os híbridos podem desempenhar um papel importante na transição energética, com a marca americana a trabalhar atualmente numa nova plataforma multienergias que permitirá manter um leque aberto de variantes de mecânica para o mercado europeu.
Com o Fiesta “fora de cena” e o Focus a caminho de terminar a sua produção, já em 2025, a Ford terá, por enquanto, como modelos principais com motor de combustão os Puma e Kuga, mas a aposta nas multienergias é decretada também por Marin Gjaja.
“Vamos competir agressivamente [no mercado], seja com combustão ‘pura’, seja com elétricos a bateria, seja com híbridos pelo meio, porque o que estamos a ver é que os clientes querem ter a liberdade de escolha para optarem pela motorização certa e pelo veículo certo para o seu caso”, é citado ainda naquele site.
A fábrica espanhola de Valência, na qual se esperam cortes laborais nos próximos anos, deverá acolher a nova plataforma multienergia, estando um novo modelo – ainda por anunciar – previsto para aquela infraestrutura a partir de 2027.
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