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F355: 30 anos de um ícone moderno

O Ferrari F355 Berlinetta comemora, em 2024, o seu 30º aniversário, sendo um bom momento para recordar um dos desportivos que ajudou a marca italiana a regressar ao caminho dos bons resultados comerciais. Além disso, é ainda hoje um dos mais belos coupés da Ferrari



A transição para a década de 1990 não foi fácil para a Ferrari. Após a morte de Enzo no verão de 1988, a marca de Maranello atravessou um período de alguma instabilidade não só diretiva, mas também comercial que foi agravada com a chegada de novos modelos desportivos de companhias rivais.

 

Particularmente, com a chegada do Honda NSX a ensombrar o 348 TB, a marca italiana teve de se empenhar para rever os seus conceitos de utilização de um automóvel de aptidões desportivas, capaz de entusiasmar, mas também de valorizar a facilidade de condução em todas as circunstâncias.



A resposta foi o F355 Berlinetta, modelo lançado na primavera de 1994 e repleto de soluções que, na sua época, eram inovadoras. Há quem aponte, mesmo, que é um dos modelos V8 mais importantes da história da Ferrari, graças não só a esse compêndio tecnológico, mas também à recuperação da imagem desportiva da companhia de Maranello, então já com Luca di Montezemolo à frente dos seus destinos.


Melhoria substancial 

O estilo do F355 Berlinetta não difere grandemente daquele do 348 TB, embora fosse dado um passo em frente em todos os sentidos. A dianteira baixa apresentava-se mais unificada, enquanto lateralmente desapareciam as lamelas horizontais na grande tomada de ar das portas, optando-se por um conceito mais limpo e fluído. Atrás, também era mais elegante, com cavas das rodas musculadas e curvilíneas, não faltando até farolins circulares, por troca com os elementos óticos ocultos do 348 TB.



Mas era na zona inferior, onde o olhar não podia alcançar, que o F355 revelava um dos seus maiores trunfos: a carenagem quase total do fundo do veículo, ajudando a canalizar o fluxo de ar para maior eficiência aerodinâmica.


Na vertente mecânica, o V8 de cinco válvulas por cilindro era amplamente diferente, sendo acompanhado de um aumento na cilindrada, de 3.4 para 3.5 litros, passando a debitar 380 CV em contraponto com os 340 CV do seu predecessor Muita tecnologia derivava da Fórmula 1, como as bielas em titânio ou a cambota plana, que ajudou a distinguir o V8 italiano.



 Mas, mais tarde, viria a ser agraciado com outro estatuto – o de primeiro Ferrari de estrada a usar uma caixa automática F1, em 1997, com patilhas atrás do volante e comando eletrohidráulico, idêntica aquela que a companhia havia introduzido na modalidade em 1989. Esta tecnologia viria a tornar-se dominante na Ferrari, que abandonou as caixas manuais em definitivo a partir de 2016.

 

No acerto do chassis também muito mudou, com a Ferrari a preocupar-se em tornar o F355 Berlinetta mais suave de utilizar no quotidiano, mas também capaz de oferecer dinamismo apurado, sobretudo quando levado ao limite. A nova suspensão de controlo eletrónico ajudava aqui de forma muito eficaz.


 

Rapidez destacada 

As prestações foram bastante melhoradas, com o conjunto V8 a permitir uma aceleração dos zero aos 100 km/h em apenas 4,7 segundos com a caixa manual e chegar aos 295 km/h de velocidade máxima. O F355 Berlinetta passava a ser um dos modelos mais velozes do mundo e, também, mais desejáveis, com um peso contido de apenas 1.350 kg. Mais potente e mais leve do que o 348 TB, o F355 Berlinetta era um grande passo em frente.

 

Na sua “vida”, a Ferrari criou diferentes variantes deste modelo, como o Spider ou o Targa, ambos de teto “aberto”, mas de conceitos diferenciados. Outra particularidade do F335 foi a de contar com uma versão Challenge, mais extrema (nova embraiagem, novo sistema de travagem da Brembo, jantes de 18”, sistema de escape mais leve e várias alterações de segurança a bordo), que servia de base a uma competição monomarca com o mesmo nome.



 Embora já existisse uma competição do género com base no 348 TB, este F355 Challenge deu ainda maior popularidade à série, tendo ainda uma outra nota relevante: foi precursor de uma outra linhagem de modelos mais extremos associados à gama V8. Daí em diante, passou a existir um modelo V8 mais extremo – seguiram-se os 360 Challenge Stradale, 430 Scuderia, 458 Speciale e 488 Pista.


Ícone virtual 

Além de todas estas façanhas, o F355 teve ainda o condão de ser um sucesso no mundo dos videojogos. Se o jogo “Outrun” tinha como protagonista um Testarossa descapotável na década de 1980, este era um ambiente “arcade” em que o controlo do veículo estava limitado aos constrangimentos da época.



Lançado pela Sega, o jogo foi um sucesso nos salões de jogos, com a produtora de jogos a repetir a dose com o “F355 Challenge”, um jogo que arrebatou imensas atenções também nos salões por se aproximar mais do conceito de simulador. Efetivamente, “F355 Challenge” tornou-se conhecido pela sua dificuldade, replicando o comportamento daquele modelo num campeonato monomarca. Este foi, efetivamente, o primeiro jogo de vídeo a ter o nome de um Ferrari no título.

 

Viria a ser disponibilizado também nas consolas domésticas, como a Sega Dreamcast e Playstation 2.

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