As tarifas suplementares sobre os carros elétricos produzidos na China entram em vigor no primeiro dia de novembro, com a taxa mais alta a ser de 35,3% para os automóveis da SAIC. As demais marcas pagam menos. A medida continuará a ser combatida pelas autoridades chinesas. É "injusta e discriminatória", reclamam.
A União Europeia (UE) publicou no seu Jornal Oficial os valores das tarifas suplementares a pagar pelos automóveis elétricos produzidos na China, fazendo com que a partir de amanhã, dia 1 de novembro, os construtores chineses tenham de contar com uma taxa suplementar sobre os seus veículos.
Após vários meses de investigação sobre a política de subsídios levada a cabo pelas autoridades chinesas, a Comissão Europeia decidiu impor tarifas suplementares sobre os veículos elétricos provenientes da China, considerando que estes beneficiam de uma vantagem comercial no preço de venda aos clientes europeus em virtude da ajuda estatal e também de outros pontos, como o controlo das matérias-primas e baixos custos de localização.
As autoridades comerciais chinesas contestam esta conclusão e as medidas subsequentes, mas as tarifas suplementares (sobre a taxa de 10% que já existia) irão mesmo entrar em vigor no dia 1 de novembro. A UE adiantou que irá continuar a trabalhar com a China para tentar chegar a um entendimento nesta matéria, além de se mostrar “aberta a negociações” com exportadores individuais mediante os quadros legais da UE e da Organização Mundial do Comércio (OMC).
“A UE continua a ser a campeã mundial do comércio aberto, justo e baseado em regras. A concorrência é bem-vinda, incluindo no setor dos veículos elétricos, mas deve ser sustentada pela equidade e pela igualdade de condições”, refere Valdis Dombrovskis, Vice-Presidente Executivo e Comissário responsável pelo Comércio da União Europeia. “Ao adotar estas medidas proporcionadas e específicas após uma investigação rigorosa, estamos a defender práticas de mercado justas e a base industrial europeia. Paralelamente, continuamos abertos a uma possível solução alternativa que seja eficaz na resolução dos problemas identificados e compatível com a OMC”, complementa.
De 7,8% a 35,3%
Neste momento, porém, as taxas a impor têm a duração prevista de cinco anos, com a BYD a ser a marca com o valor mais baixo (17%), seguindo-se a Geely (18,8%), ao passo que a SAIC recebeu a taxa mais alta, de 35,3%. Recorde-se que a Geely detém marcas como a Volvo, Lotus, smart, Lynk & Co e Zeekr, ao passo que a SAIC detém a MG, entre outras.
Essas não foram as únicas taxas aprovadas, já que outras entidades que cooperaram com a investigação da Comissão Europeia receberam uma tarifa suplementar de 20,7%, enquanto a Tesla – após pedido de avaliação individual – terá uma tarifa suplementar de 7,8% sobre os seus veículos provenientes da China. As demais marcas que não cooperaram com a investigação terão a taxa máxima de 35,3%. Efetivamente, juntando-se aos 10% já aplicáveis anteriormente, as marcas mais penalizadas terão taxas suplementares de 45,3%.
Entre a retaliação eu investimento
Alguns construtores europeus, sobretudo alemães, manifestaram a sua oposição a esta medida protecionista da União Europeia, por recearem medidas de retaliação sobre os seus automóveis. Porém, se nos veículos ainda não existe uma resposta, a China já encetou as suas próprias investigações sobre alguns produtos importados da UE, como o brandy, laticínios ou carne de porco.
Por outro lado, alguns construtores chineses optaram pela via alternativa de construir fábricas na Europa para, dessa forma, contornar as tarifas suplementares. A BYD, por exemplo, já anunciou a construção de fábricas na Hungria e na Turquia, enquanto outros projetos poderão nascer em Espanha e em Itália.
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