Lançado há cinco anos como um modelo disruptivo para a Rolls-Royce, o Cullinan recebe uma evolução profunda em vários campos que lhe permitem oferecer uma tónica de luxo ainda mais reforçada. A sigla Black Badge confere a este modelo uma aura mais desportiva associada ao preciosismo do requinte.
O Cullinan original foi apresentado em 2018 e assumiu-se como o primeiro SUV de luxo superior, assumindo um nicho de mercado que era, até então, praticamente inexistente. Pensado para oferecer níveis de conforto e refinamento superiores mesmo fora de estrada, o Cullinan seguiu a tendência global associada aos SUV e tornou-se no Rolls-Royce com maior procura.
Agora, o modelo é renovado para se manter como uma das experiências superlativas no capítulo do luxo em todos os tipos de terreno, recolhendo opiniões de clientes ao longo de meia década, mas também trabalhando com as equipas de engenharia com vista ao melhoramento do Cullinan, sendo assim apelidado de Series II em representação do progresso alcançado com esta versão.
Uma das conclusões a que a Rolls-Royce chegou com essa mesma recolha de informação foi que a grande maioria dos clientes da marca estão concentrados em áreas urbanas, desde as grandes metrópoles àquelas em atual processo de expansão. Mas a outra conclusão obtida foi de que o Cullinan representa uma mudança na forma como os clientes são transportados – em vez de serem conduzidos, preferem ser eles a conduzir. Juntamente com o rejuvenescimento da marca e da crescente oferta de personalização, assistiu-se a uma descida da idade média dos clientes da marca, que passou dos 56 anos em 2010 para os 43 na atualidade.
E, numa mudança de perspetiva estatutária, o Cullinan é o modelo de utilização quotidiana para muitos condutores, que elogiam “a sua performance sem esforço”, a começar pelo motor V12 de 6.75 litros.
Mudanças exteriores
Para esta segunda fase, todas as conclusões anteriores foram tidas em conta, para assim dar um ar ainda mais jovial ao Cullinan Serie II. O tema de desenho dominante foi o da verticalidade, com mais elementos verticais, como é o caso da iluminação diurna de circulação para fácil identificação. Há mudanças nos para-choques, com as linhas da peça dianteira a formarem um “V” subtil a partir do ponto mais baixo das luzes diurnas até ao ponto central do veículo, assemelhando-se às linhas de proa de um iate de luxo moderno. Na parte inferior, existem novas tomadas de ar. Numa estreia absoluta, a grelha passa a ser iluminada, adotando também um elemento horizontal polido entre os faróis.
Quando visto de traseira, as saídas de escape apresentam um acabamento em aço-inoxidável de elevado cuidado, a que se junta ainda uma nova proteção inferior também em aço-inoxidável na parte inferior do para-choques traseiro. As jantes crescem em medida e passa a ser possível escolher unidades de até 23 polegadas com desenho de sete braços tridimensionais e acabamento polido.
Ao nível da pintura, os especialistas em cor da Rolls-Royce desenvolveram um novo acabamento: inspirado num mármore castanho de veios ricos, o “Emperador Truffle” é um castanho-acinzentado sólido minimalista que, quando combinado com o acabamento personalizado “Crystal Over”, laca infundida com partículas de vidro, oferece um nível de brilho superior.
Interior é a epítome do luxo
Apesar da imponência exterior, é no interior que os clientes mais sentem a opulência associada à marca britânica, com esta renovação a trazer novos elementos decorativos, como um novo painel em vidro a toda a largura do tablier e no qual estão albergados os diversos elementos do painel de instrumentos novo e do sistema multimédia de nova geração, denominado “Spirit”.
Este interface digital foi introduzido pela primeira vez no Spectre, modelo 100% elétrico, sendo a primeira vez que é aplicada num Rolls-Royce com motor V12. Entre os muitos elementos de conectividade, também permite personalizar a cor dos mostradores dos instrumentos para complementar a paleta interior ou o acabamento exterior do automóvel. O sistema “Spirit” também integra a aplicação “Whispers”, criada para membros privados da Rolls-Royce. Os clientes podem enviar destinos diretamente para o seu automóvel, ver a localização do Cullinan remotamente e gerir o bloqueio do veículo através da aplicação.
Para quem viaja na traseira – afinal, trata-se de um Rolls-Royce –, a marca reformulou a conectividade disponível nesses bancos, podendo agora ligar até dois aparelhos de streaming aos ecrãs traseiros, que têm uma interface à medida para a gestão de conteúdos e sistema de gestão das funcionalidades dos bancos, como o aquecimento, massagem ou ventilação. Ha ligação à Internet e os passageiros podem ligar os seus auscultadores Bluetooth ao sistema de infoentretenimento do banco traseiro, ou usufruir do sistema de áudio à medida composto por 18 altifalantes, para uma potência total de 1.400 watts.
Em frente ao passageiro da frente está um painel iluminado, também uma estreia na gama Cullinan, com a representação gráfica da palavra “Cullinan” e do ambiente urbano de uma megacidade. Tudo composto a partir de 7.000 pontos criados a laser com diferentes ângulos e dimensões para efeito diferenciado. Os clientes podem criar a sua própria imagem feita a laser para maior personalização. Entre este painel e o painel de instrumentos está um novo relógio analógico associado a uma pequena figura da “Spirit of Ecstasy”, que é o ornamento que adorna o capot de cada Rolls-Royce. Este conjunto demorou quatro anos em desenvolvimento, sendo a figura produzida a partir de aço-inoxidável.
Procurando apresentar uma representação simbólica do desejo de fuga para a natureza, o interior é composto por uma paleta inspirada em plantas, como o freixo cinzento manchado, uma madeira natural de poros abertos com um grão rico. Todos os troncos desta espécie são selecionados individualmente e as “folhas” são posteriormente tingidas à mão e cuidadas com a adição de partículas metálicas microscópicas, o que cria o efeito único, num processo que levou mais de quatro anos a desenvolver. Para os revestimentos, confia numa exploração de têxtil produzido a partir do bambu, denominada “Duality Twill”, e com grafismo também a evocar o espectro da natureza.
Este intrincado tecido bordado foi desenvolvido durante mais de um ano em colaboração com um mestre tecelão que agora se juntou à Rolls-Royce a tempo inteiro para supervisionar este complexo processo, que tem lugar na sede da Rolls-Royce em Goodwood. Um interior “Duality Twill” completo pode incorporar até 2.2 milhões de pontos, 11 quilómetros de linha e demorar 20 horas na sua conceção. Para garantir a uniformidade do padrão, cada peça é trabalhada individualmente antes de ser cortada com um laser especialmente desenvolvido para selar a borda do material e evitar que os fios individuais se soltem. O tecido de sarja base está disponível em três cores - Lilás, Chocolate e Preto - e os clientes podem selecionar entre 51 cores diferentes de fio.
Emblema negro
Repleta de elementos de tonalidade negra, a versão Black Badge do Cullinan representa uma abordagem mais desportiva, com diversos elementos próprios, tanto por fora, como por dentro, embora as novidades sejam, em grande medida, as mesmas da versão já descrita. Por fora, distingue-se por para-choques diferentes e pela tonalidade negra aplicada a vários componentes, incluindo à estatueta “Spirit of Ecstasy” ou na grelha dianteira. As jantes passam a ter 23 polegadas, o que é uma novidade para a versão Cullinan Black Badge, com um design de 10 braços interligados cuidadosamente trabalhados e de acabamento negro, como não poderia deixar de ser.
A bordo, conta com as mesmas competências de requinte interior em termos de materiais e revestimentos, mas acentua a presença de acabamentos em fibra de carbono, com o recurso a este material para diversos elementos
O acabamento de fibra de carbono entrelaçada exposta foi desenvolvido para criar um padrão preciso de formas geométricas que criam um efeito tridimensional. Cada folha de carbono técnico recebe um acabamento de seis camadas de verniz antes de ser deixada a curar durante 72 horas e, em seguida, todas as 23 peças são polidas à mão para um acabamento espelhado. Este processo demora 21 dias no total.
A performance fica a cargo de um motor V12 de 6.75 litros com 600 cv de potência e 900 Nm de binário máximo, agora beneficiando de uma revisão à caixa automática ZF de oito velocidades para resposta mais imediata. O eixo traseiro direcional também acentua o dinamismo, sem comprometer o efeito de “tapete voador” que os responsáveis apregoam para o Cullinan.
Para maior dinamismo, existe um botão “Low” na alavanca da caixa de velocidades que altera a sonoridade dos escapes, mas também a própria resposta, já que os 900 Nm ficam disponíveis logo às 1.700 rpm. O tempo de passagem de caixa também é reduzido em 50% quando o pedal do acelerador é pressionado em 90%, enquanto o pedal do travão tem um curto mais reduzido para melhorar a resposta.
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