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Foto do escritorJosé Caetano

BMW acelera mobilidade elétrica

Atualizado: 8 de fev.

REPORTAGEM


Vision Neue Klasse de 2023 apresentou(-nos) plataforma, tecnologia e seis automóveis novos até 2030. Na “transformação” da fábrica de Munique, 650 milhões de euros de investimento. Futuro inspirado no passado constrói-se no presente!


A dúvida sobre o ritmo da eletrificação do automóvel é legítima, sobretudo tratando-se de mudança de paradigma possível apenas com massificação na produção dependente de democratização tecnológica impossível de impor por decreto, muito menos da noite para o dia. O processo acelera mais velozmente na Europa, devido a decisão (política…) que exige o ponto final no comércio de motores de combustão interna alimentados por combustíveis fósseis em 2035. Faltam apenas 11 anos e, por isso, todos os construtores ativos na região estão confrontados tanto com contrarrelógio como com a necessidade de realizarem investimentos massivos. 



O exemplo da BMW é paradigmático. O fabricante número um no mercado “premium” em 2023, à frente de Mercedes e Audi, não anunciou quaisquer planos para parar quer o desenvolvimento, quer a produção de mecânicas térmicas, mas deixou de fazê-las em Munique e na Alemanha em novembro do ano passado, cerca de dois meses depois da apresentação do Vision Neue Klasse, protótipo que antecipa a família nova de elétricos. No programa, seis modelos em 24 meses, incluindo dois para o segmento médio (D): o substituto do iX3 e o i3! O primeiro, programado para o final de 2025, estreia a unidade industrial de Debrecen (Hungria), enquanto o segundo, planeado somente para 2026, é para montar numa linha em construção ao lado do quartel-general da marca.

O iX3 à venda desde 2020 é baseado na 3.ª geração do X3, de 2017, produz-se na China e tem tração traseira, motor elétrico com 210 kW (282 cv) e bateria de iões de lítio com 80 kWh de capacidade. A marca alemã anuncia 0-100 km/h em 6,8, velocidade máxima de 180 km/h e até 461 km de autonomia. Na versão de topo do sucessor, por desfrutar da qualidade da arquitetura técnica nova, dois motores, quatro rodas motrizes, 600 cv, mais poder de aceleração e mais quilómetros entre recargas, confidenciaram fontes da marca da hélice.

«Aqui, o plano para os próximos três anos é construirmos os pilares fundamentais para fabricarmos automóveis em Munique durante décadas”, disse-nos Milan Nedeljković, o administrador do consórcio alemão responsável pela produção. O programa apresenta-se-nos como superambicioso, o que explica, por exemplo, a “recuperação” do nome da família de modelos comercializada nas décadas de 1960 e 1970 que “travou” a falência da empresa e, complementarmente, atribuiu a identidade desportiva que associámos à marca da hélice.


Programa ainda mais ambicioso que o do i3 de 2013

O i3 (250 000 exemplares fabricados entre setembro de 2013 e agosto de 2022) lançou a BMW na era da eletrificação do automóvel. Esta berlina compacta apresentou-se sem concorrentes e surpreendeu pelo facto de romper com o convencional, do desenho aos materiais, da mecânica à produção. O programa Neue Klasse não é menos ambicioso!… A marca da hélice pretende acelerar a transição para a mobilidade elétrica com recurso a plataforma nova com arquitetura elétrica de 800V e bateria montada como elemento estrutural do automóvel, o que reduz tanto o peso como o preço – anunciam-se células cilíndricas em vez de prismáticas, o que permite, por exemplo, diminuir as dimensões e aumentar a densidade energética.

Nos modelos da família Neue Klasse, geração seis do sistema eDrive. A BMW anuncia-o como mais compacto e leve, além de 40% mais económico, comparado com o atual. Já para o consumo de energia, a estimativa é de progresso de 25% na eficiência, facto que permite antecipar, ainda, autonomias maiores entre recargas. Este projeto representa o investimento mais importante na história da companhia que pretende fabricar todos os futuros modelos sobre esta base muito vanguardista.



Produção de muitos mais elétricos em Munique

Recentemente, “pontapé de saída” no plano de transformação da fábrica de Munique, com o arranque do processo de expansão (e transformação) de uma unidade industrial centenária que fez o primeiro automóvel somente em 1952, três décadas após o início da atividade, com a produção de motores para aviões. Só nesta empreitada, que inclui até linha de montagem nova, o investimento ascende a 650 milhões de euros. A BMW tem de “pagar a fatura” da recuperação do atraso tecnológico para a Tesla, marca que ganhou o estatuto de referência no campo da eletromobilidade!

A “reconstrução” da fábrica de Munique envolve quatro edifícios, pressupõe formação intensiva dos mais de 7000 funcionários, de forma a prepará-los para a digitalização na produção associada à eletrificação do automóvel e tem conclusão planeada para 2027. Atualmente, nesta unidade, depois da deslocalização da montagem de motores para a Áustria e o Reino Unido, fazem-se quatro modelos (Série 3 Touring, Série 4 Coupé, i4 e M4), com mecânicas de combustão e sistemas híbridos Plug-in e elétricos. «E este nível de flexibilidade é para melhorar com o ‘hardware’ e o ‘software’ novos! A digitalização e a inteligência artificial permitem-nos diminuir muito complexidade na produção, com a simplificação de todos os processos e a adoção de técnicas novas de automatização”, disseram-nos. No final de 2027, nesta unidade, apenas modelos com baterias, nenhum com depósito de combustível. Informação relevante: a obra não perturba a capacidade de produção de infraestrutura que faz 500 automóveis por turno (10 por semana!…), o que significa mais de 200 000/ano.

A BMW, com os Neue Klasse, espera impor-se como fabricante de referência tanto nas autonomias como na velocidade de carregamento das baterias e nos preços. Para fazer a família nova de automóveis, a marca selecionou, ainda, fábricas na China (Shenyang) e no México (San Luis Potosí). Em 2023, os alemães comercializaram 330.296 elétricos, o que representou mais 92,2% que em 2022. Este ano, o objetivo é progresso na quota de 14,6% para 20%, ambicionando-se atingir os 25% em 2025 e os 30% em 2026.



Vision Neue Klasse apresentado no IAA de 2023

O programa Neue Klasse ganhou visibilidade em setembro de 2023, no IAA de Munique, com a apresentação de protótipo batizado com o nome do plano que reposiciona a BMW na 1.ª linha da eletromobilidade. Então, disse-se que o estudo não só estreava a plataforma para a próxima geração de automóveis com motores elétricos em vez de térmicos como anunciava o progresso na linguagem de “design”, com reinterpretação de muitos elementos icónicos, dos faróis duplos à grelha dianteira em forma de rim ou à curva Hofmeister nos pilares posteriores da carroçaria, e antecipava a sucessão do Série 3.

No interior do Neue Klasse, a BMW apresentou(-nos) a fórmula com que ambiciona melhorar a interação homem-máquina (entenda-se condutor-automóvel…). Na próxima geração do iDrive, por exemplo, combinação do sistema BMW Panoramic Vision com projeção de informações no para-brisas, utilizando toda a largura do vidro, com ecrã digital no centro do painel de bordo ou controlo multifunções no volante. Adicionalmente, geração nova do programa de comandos vocais/assistente pessoal virtual (Intelligent Personal Assistant).

A BMW, para o Neue Klasse, reivindicava, igualmente, progresso de 30% na autonomia, 20% na eficiência e 30% na velocidade de recarga das baterias, além de aumento de 20% na densidade energética com o recurso células cilíndricas novas. Frank Weber, o administrador do grupo com a pasta do desenvolvimento do produto, apresentou o Vision como “livro novo na marca e não apenas mais um capítulo na nossa história».



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