Os progressos tecnológicos nas baterias, a otimização dos métodos de produção e, ainda, a melhoria das infraestruturas de carregamento “abrem a porta” à descida nos preços dos veículos elétricos que todos ambicionam. É possível?!...
Os números das vendas de automóveis novos confirmam o ritmo veloz da mudança de paradigma do motor de combustão interna para o elétrico, mas o preço da tecnologia ainda representa obstáculo à democratização perseguida pelos fabricantes e ambicionada pelos consumidores. Por isso, pergunta-se: para quando a paridade de preços entre os modelos térmicos e os elétricos? Finalmente, existem três razões para acreditarmos, finalmente, nessa possibilidade!
Até 2040, os analistas da Bloomberg estimam que o número de automóveis elétricos supere os mais de 700 milhões, registo muitíssimo acima dos 27 milhões em circulação, globalmente, no início deste 2023.
Tecnologias alternativas emergentes
As baterias apresentam-se como o coração dos automóveis elétricos e, facto que surpreende pouco, são o componente mais caro, custando até 50% do valor total do veículo. O lítio, principal elemento utilizado na composição do acumulador de energia, é dispendioso, também por ser escasso… Razão para o custo de produção não baixar ao ritmo desejado.
Ainda assim, o Departamento de Energia dos EUA estima que o preço de uma bateria de iões de lítio diminuiu 89% entre 2008 e 2022, e a Goldman Sachs antecipa redução de até mais 40%, até 2025, o que não impede a indústria de continuar a investir em alternativas, como o sódio, o sexto elemento mais abundante na Terra.
As baterias de iões de sódio têm características semelhantes às de iões de lítio, mas têm capacidade e densidade energética inferiores. Em contrapartida, “acenam” com mais-valias importantes, desde logo por não requerem metais raros, serem mais fáceis de reciclar e funcionarem melhor no frio. E o sódio tem, também, preço menor.
Os chineses da JAC Motors já estão preparados para capitalizar este conjunto de vantagens e estão a preparar o lançamento do Yiwe EV, o primeiro automóvel elétrico fabricado massivamente com este tipo de bateria. A empresa é detida em 75% pelo Grupo VW – assim, ganha a corrida contra a BYD na intenção de introduzir esta alternativa mais acessível às baterias do tipo LFP Blade (fosfato de ferro-lítio) da rival doméstica.
Também conhecida como solid-state battery (SSB), a bateria de estado sólido substitui os eletrólitos líquidos das baterias tradicionais por um material sólido. Esta tecnologia também tem o potencial de ser mais barata, pela combinação de materiais empregue na produção – tendencialmente, são mais abundantes e acessíveis). A fórmula também simplifica os processos de produção e superioriza-se na longevidade, somando-lhe, ainda, os custos inferiores de manutenção e substituição.
Expansão da rede de carregamento
E como pode o número de carregadores disponíveis ter influência direta nos preços dos automóveis elétricos? Matthias Preindl, analista e professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Columbia, nos EUA, explica que o aumento e a padronização da rede de carregamento permitiriam que todos os fabricantes concentrassem menos esforços no desenvolvimento de baterias cada vez mais potentes, para aumentarem as autonomias, o que tornaria os veículos muito mais leves e baratos de produzir. Também para os consumidores, consequências positivas!
Finalmente, as economias de escala. A melhor forma de reduzir o custo de produção é fabricar mais. Também é assim quando falamos em elétricos. “É necessário atingir uma certa escala para começar a ganhar dinheiro e diminuir os custos”, diz Valdez Streaty, diretor da Cox Automotive. “Começamos a ver mais eficiência e inovação no processo de produção”, explica, indicando a Tesla como exemplo, devido à fórmula do “gigacasting”, que permite otimizar processos normalmente complexos, como é o caso do chassis estrutural (uma peça, apenas um molde, montagem otimizada/simplificada).
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