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"Importante é regressarmos"

Atualizado: 13 de fev.

Sandro Mesquita, luso-suíço à frente do salão de Genebra, antecipa a edição-2024, a 100.ª internacional, de certame que procura reerguer-se, sem muitas novidades (15), do cancelamento de 2020, apenas a três dias da abertura de portas, devido à crise de COVID-19!


É o regresso do salão de Genebra ao calendário das exposições automóveis, cerca de quatro anos depois do cancelamento do certame de 2021, na véspera da abertura de portas, devido à pandemia de COVID-19, vírus que fez com que ficássemos trancados em casa e quase parou o mundo! Sandro Mesquita, luso-suíço de 49 anos, é o diretor-geral do certame muito penalizado por crise sanitária que representou “terramoto” e teve réplicas que abalaram fortemente os alicerces da indústria que passa por fase de mudança de paradigma, do motor de combustão interna para o elétrico.



O cancelamento de Genebra-2020 também abalou violentamente a entidade por trás da organização que celebra 100 anos de edições internacionais em 2024, impondo-lhe capacidade de reinvenção, desde logo com a celebração de acordo com o Catar para a realização da exposição com o mesmo nome na capital do reino na península arábica, Doha – estreia em outubro de 2023. A parceria devolveu alguma capacidade financeira à fundação responsável pelo certame, que recebeu luz verde para a realização do 91.º salão entre 27 de fevereiro e 3 de março. Entre as marcas participantes, sobressaem só os nomes de BYD, Dacia, Isuzu, Lucid, MG Motor Pininfarina e Renault. Nesta lista, nem alemães, nem coreanos, nem japoneses, nem qualquer emblema da Stellantis!


Em Genebra-2024, como habitualmente, a 26 de fevereiro, a véspera da abertura de portas, dia reservado à comunicação social. A organização anuncia apenas 15 estreias mundiais e europeias, número que contrasta com as 151 de 2019. Há cinco anos, em exibição numa área com 110.000 metros quadrados, 150 marcas, que atraíram mais de 602.000 pessoas. Agora, estimativas muito modestas, com Sandro Mesquita a falar-nos em “cerca de três dezenas de expositores e 200.000 visitantes». Para o luso-suíço com raízes na região de Vila Nova de Gaia e capaz de expressar-se num português (quase…) perfeito, por falar a língua em casa, com os progenitores, que já regressaram ao nosso País, depois de mais de quatro décadas emigrados, o certame teve de reinventar-se, se ambiciona regressar aos dias de glória que viveu no passado e recuperar o estatuto de capital mundial do automóvel na semana do salão!…


Zonas temáticas em vez de novidades

“Não é fácil responder-lhe, não tenho uma ‘bola de cristal’, mas sou muito pragmático e percebo o momento que vivemos. Temos a ambição de crescer rapidamente e tornar Genebra numa plataforma muito importante de comunicação para o setor automóvel, mas também sabemos que estamos obrigados a implementar um modelo diferente do que tivemos durante décadas, deixando apenas de alugar espaços os construtores para criarmos áreas de que envolvam muito mais os visitantes, de forma a proporcionar-lhes experiências mais atrativas”, explicou Sandro Mesquita.


Para o diretor-geral do certame helvético, “Genebra não perdeu importância, mas deve apresentar-se de modo diferente para continuar relevante para a indústria, recorrendo, por exemplo, à apresentação e produção de conteúdos que transmitam aos visitantes a mudança rápida do paradigma dominante no automóvel. É o que fazemos na edição de 2024, com a introdução de zonas temáticas para ‘descodificação’ da transformação que está em marcha: Adrenaline Zone, Design District, Mobility Lab e Nex World», explicou. Na primeira, competição, edições especiais ou produções à medida e superdesportivos. Na segunda, com o apoio do Frank Stephenson (ex-BMW, Ferrari, Fiat, McLaren e Mini), comunicações sobre as mudanças no desenho impostos pela passagem dos motores de combustão interna para os elétricos. Na terceira, promove-se a mobilidade do futuro e, na quarta, em parceria com a Polyphony Digital, produtora do videojogo Gran Turismo, privilegia-se o entretenimento como ferramenta de comunicação.



A experiência da exposição no Catar

Genebra, disse-nos Sandro Mesquita, tinha de regressar este ano. «Comemoramos 100 anos de edições internacionais. A digitalização acelerou durante a pandemia, as marcas adotaram fórmulas novas de comunicação e as exposições tradicionais quase saíram do calendário da indústria automóvel, mas estamos aqui outra vez! Obviamente, a lista de novidades é muito mais reduzida que o habitual, mas este facto deve-se, sobretudo, às limitações com que todos os fabricantes estão confrontados, por estarem pressionados para investirem menos neste tipo de eventos ou não terem novidades para apresentar, o que reflete a instabilidade no setor originada pela ‘corrida’ à eletrificação», explicou.


Sandro Mesquita prometeu exposição muito mais concorrida em 2025. “A organização tem de saber adaptar-se à situação… O futuro do automóvel encontra-se nas mãos dos políticos, não nas nossas! Assinalamos os 100 anos com uma exposição mais compacta, é verdade, mas conseguimos até reunir alguns dos modelos apresentados em Genebra, no passado, na Classics Gallery, com 35 ícones, como o Jaguar E-Type de 1961, e temos muitas manifestações de interesse para o próximo ano, o que alimenta a esperanças de recuperarmos o nosso estatuto! O automóvel ainda é emoção e as pessoas necessitam dos momentos que podemos proporcionar-lhes», acrescentou.


Finalmente, Mesquita, que assumiu o comando do salão de Genebra em maio de 2020, poucos meses depois de cancelamento que quase acabou com a exposição, contou-nos a experiência no Catar. “A decisão aconteceu três dias antes da abertura de portas. Isso deixou-nos sem fundos financeiros. Também não encontrámos bancos disponíveis para empréstimos, mas surgiu-nos a possibilidade de organizarmos a exposição noutro país, como acontece com a Art Basel, que começou em Basileia e já passou por Miami, Hong Kong e Paris. Esta oportunidade permitiu-nos ganhar dinheiro e mostrar às marcas que conseguíamos reinventar o modelo das exposições automóveis! A experiência em Doha foi muito bem-sucedida e confirmou esse potencial», concluiu. 

O lema de Genebra-2024 é “AUTO. FUTURE. NOW.”!

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