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Ferrari 12Cilindri estreia V12 com 830 cv

Atualizado: 8 de mai.

O 12Cilindri (lê-se “dodici”) faz a apologia dos motores de 12 cilindros, novo "cavallino rampante" da Ferrari, e associa-o ao legado dos Gran Turismo com motores dianteiros que marcaram uma época dourada, nas décadas de 1960 e 1970. Aqui, os 830 cv aliam-se à aerodinâmica avançada para uma condução que a marca anuncia como “apaixonante”!



No fim de semana em que a Fórmula 1 visita Miami e os EUA para mais um Grande Prémio do Mundial de 2024, a marca italiana, precisamente na cidade da Flórida, apresentou o seu mais recente modelo, assim assinalando o 70.º aniversário da Ferrari na América do Norte. O superdesportivo "evoca" algumas semelhanças estilísticas com o icónico Daytona, carro que recebeu nome "americano".

 

Adicionalmente, naquele que é um traço comum a muitos outros modelos do passado, o 12Cilindri representa a evolução da filosofia GT da marca, a qual passa pela renovação com respeito pelo ADN de sempre, e todos os seus elementos mais essenciais. Um deles é, claramente, o legado dos V12, cada vez mais ameaçado pela eletrificação. A marca italiana admite que esta é uma tipologia de motores que deve ser sentida para se perceber o seu carisma, algo que o 12Cilindri reforça.

 

Renovado, o motor com o código F140HD debita 830 cv e beneficia de uma gama de rotações aumentada até às 9500 rpm. O binário máximo é de 678 Nm, com 80% do valor disponível logo às 2500 rpm.



Nova evolução do V12 

Algumas das alterações aplicadas neste motor derivam da série especial 812 Competizione: para atingir rotações tão elevadas, foi necessário reduzir o peso e a inércia de componentes como as bielas, agora fabricadas em titânio, material que garante uma poupança de massa de 40%, em comparação com o aço com a mesma resistência mecânica. Os pistões são produzidos numa liga de alumínio nova, que também contribui para a redução do peso. Acompanha-o um balanceamento novo da cambota, também aligeirada em 3%.

 

A abertura e o fecho das válvulas são assegurados pelo “dedo” deslizante (feito de aço revestido a carbono tipo diamante), um componente derivado da experiência obtida na Fórmula 1 e desenvolvido para este motor com o objetivo de melhorar o desempenho e baixar o impacto da inércia. Grande parte do trabalho foi dedicado à otimização do fornecimento de binário em todos os regimes de funcionamento. Além disso, a disposição do coletor e dos cilindros foi tornada mais compacta de forma a extrair mais potência a altas rotações. O enchimento da curva de binário é assegurado por um sistema de trompetas de geometria variável que modifica continuamente o comprimento do conjunto conduta-trompeta, adaptando-o às rotações do motor para maximizar o enchimento dinâmico dos cilindros.



Mas, outra das grandes novidades, passa pela adoção, inédita num motor atmosférico, de uma estratégia de "software" pensada para modificar o binário máximo disponível em função da relação de caixa engrenada. O controlo inovador da estrutura de binário ATS (Aspirated Torque Shaping) permitiu aos engenheiros do fabricante de Maranello esculpir a curva de binário em 3.ª e 4.ª com um controlo eletrónico refinado que melhora a perceção da forma da curva sem qualquer perda de aceleração, em benefício do prazer de condução. A introdução de novas relações de transmissão final também mantém níveis elevados e permite que a curva de binário seja moldada de uma forma nunca antes vista num motor atmosférico.

 

A otimização do rendimento mecânico do motor e do circuito de óleo é essencial para reduzir os consumos e os gases de escape. A calibração da bomba de óleo de cilindrada variável permite a circulação do óleo em todo o motor e a sua recuperação juntamente com os vapores do cárter. Graças a uma electroválvula comandada pela unidade de controlo do V12, é possível variar a cilindrada em função do regime e da carga, assegurando que só circula a quantidade de óleo necessária, o que permite uma economia muito considerável de energia. Por outro lado, registou-se uma melhoria no sistema de injeção direta de gasolina (GDI), agora a 350 bar, composto por duas bombas de combustível e quatro calhas equipadas com sensores de pressão que fornecem um "feedback" contínuo ao sistema de controlo da pressão.



O novo sistema de escape, desenvolvido para que o automóvel esteja em conformidade com os mais recentes regulamentos em matéria de emissões, introduz um catalisador cerâmico, juntamente com o filtro de partículas. Esta é a tecnologia mais avançada disponível para a redução de emissões, que exigiu uma calibração extensiva das estratégias de "software".

 

Além de tudo isto, a Ferrari empenhou-se muito no desenvolvimento da sonoridade do V12, otimizando todos os elementos das linhas de admissão e de escape. As condutas de escape têm o mesmo comprimento e o coletor tem configuração "6 em 1" em cada banco, em medidas que permitiram à marca obter um som típico de um Ferrari V12.

 

O Ferrari 12Cilindri está equipado com uma caixa automática de 8 velocidades, de dupla embraiagem (DCT), derivada de outros modelos, como o SF90 Stradale, com as mesmas relações de transmissão e uma engrenagem cónica nova, que aumentou a disponibilidade de binário em 12%. Esta solução, graças também aos pneus de 21'', também beneficia a capacidade de aceleração longitudinal e reduz os tempos de mudança de velocidade (-30%, comparativamente às anteriores aplicações V12 em modelos de 2 lugares).



Quanto aos pneus, a marca de Maranello propõe dois compostos, os Michelin Pilot Sport S5 e os Goodyear Eagle F1 Supersport, ambos desenvolvidos numa nova medida específica para o fabricante de Maranello: 275/35ZR21 à frente e 315/35ZR21 atrás. Este programa beneficiou de sessões físicas e virtuais, estas últimas efetuadas através de testes em simulador para reduzir o número de protótipos físicos e, consequentemente, os tempos e os ciclos do programa de desenvolvimento

 

Tudo isto culmina na sempre emblemática vertente das prestações, com uma aceleração de 0 a 100 km/h em 2,9 s e de 0 a 200 km/h em menos de 7,9 s. A velocidade máxima declarada supera os 340 km/h! Nota, ainda para o sistema de travagem, que permite uma distância de imobilização de apenas 31,2 metros, de 100 a 0 km/h.



Aerodinâmica ao serviço da função 

O plano de "design" traçado pela equipa liderada por Flavio Manzoni no Centro Stile Ferrari foi claro: oferecer elegância, homenagear o passado e ser fundamentalmente eficaz nas funções aerodinâmicas, mas efetuar uma rutura com os códigos estilísticos do anterior Ferrari V12 com motor dianteiro.

 

A dianteira sobressai pelo elemento em preto entre os faróis a evocar, de certa forma, uma tendência dos Ferrari de outros tempos, enquanto o "capot" longo sobre o V12 é “limpo” e tem apenas duas saídas de ar para ajudar ao arrefecimento do compartimento do motor. O elemento horizontal que compõe a iluminação de circulação diurna em LED é interrompida pela cava da roda, mas prossegue depois na lateral para uma sensação de continuidade no "design".



Na traseira, o elemento mais imponente é o difusor inferior (em preto ou fibra de carbono) de grande volume, que salienta a forma como a aerodinâmica moldou o "design" do novo Ferrari – o objetivo é “colar” o 12Cilindri ao solo a alta velocidade. Na parte superior, os farolins são colocados no interior de uma folha que percorre todo o volume ao passo que logo acima aparece um novo conceito de spoiler: em vez de um elemento convencional, foram escolhidos dois apêndices ativos que, integrados no vidro traseiro, produzem um efeito com um tema delta distinto.


Os escapes, compostos por quatro elementos, têm formas novas e caixa metálica que reduz a perceção do volume

 

Na posição de arrasto reduzido (“Low Drag”), o elemento móvel está alinhado com a carroçaria de modo a que o ar passe por cima dele, tornando-o invisível à corrente. Esta configuração é mantida até aos 60 km/h e acima dos 300 km/h. Já na configuração de carga elevada (“High Downforce”), o 12Cilindri gera a máxima carga vertical. A traseira está equipada, ainda, com um par de geradores de vórtice, utilizados para gerar uma carga eficiente, bem como para direcionar os fluxos para o extrator.



 Refinamento desportivo a bordo 

O interior do Ferrari 12Cilindri foi concebido para garantir elevados níveis de conforto mesmo em viagens longas, tanto para o condutor como para o passageiro, destacando-se novidades como o teto de vidro (para maior luminosidade interior e com tratamento térmico para garantir conforto a bordo no inverno e no verão), os materiais nobres e as óbvias capacidades digitais aportadas por elementos como o ecrã do painel de instrumentos (personalizável e com 15,6''), o ecrã central tátil de 10,25'' e um terceiro ecrã instalado na zona do passageiro, com 8,8'', que oferece informações sobre a viagem e funcionalidades multimédia.


Luxo e "performance" não comprometem sustentabilidade ambiental, devido ao recurso massivo a materiais sustentáveis, nomeadamente Alcantara com 65% de poliéster reciclado

 

O Ferrari 12Cilindri, de série, tem um sistema de conetividade que permite ligação aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto, dispondo ainda de carregador sem fios para o "smartphone". Entre os elementos de requinte, realce para um sistema de som opcional topo de gama concebido em parceria com a Burmester, que é composto por 15 altifalantes e tem uma potência total de 1600 W, incluindo o "subwoofer" de bobina dupla.



Dinamismo de ponta 

A exemplo do que já tem vindo a ser feito noutros modelos da marca, o 12Cilindri conta com diversos sistemas tecnológicos de controlo de chassis para aperfeiçoar a dinâmica, caso do sistema “brake-by-wire” que autoriza funcionalidades dinâmicas como o Evo ABS introduzido no 296 GTB ou o sensor 6D que garante a máxima precisão aos sistemas Virtual Short Wheelbase 3.0 (PCV) e Side Slip Control (SSC) 8.0, assim como uma redução nas distâncias de imobilização e uma maior repetibilidade da ação de travagem.

 

O Side Slip Control SSC 8.0, ou Controlo de Deslizamento Lateral, uma nova evolução do famoso controlador da Ferrari, permite que os sistemas comuniquem entre si para maximização do desempenho. Esta versão foi otimizada para aumentar a precisão da estimativa e a velocidade de aprendizagem (+10% em relação às aplicações anteriores), bem como o controlo em superfícies com muito baixa aderência. Graças a esta abordagem, é possível avaliar o nível de motricidade até em condições normais de condução e não apenas no limite, o que acelera o processo de auto-aprendizagem da tração real.



O Ferrari 12Cilindri possui o sistema de direção independente às quatro rodas (4WS) introduzido na série especial 812 Competizione, que ajusta, individualmente, o movimento de cada roda para melhorar o comportamento em curva e a capacidade de resposta nas mudanças de direção. O eixo traseiro direcional tem características mecânicas inovadoras que melhoram muito o controlo da posição do atuador individual e o tempo de resposta do eixo e, como resultado, aumentam a prontidão em curva. Com 1560 kg de peso em seco, este novo Ferrari vale-se, ainda, de distribuição de peso pelos eixos (48,4% à frente e 51,6% atrás), bem como da distância entre eixos 20 mm mais curta que a do 812 Superfast. Também no capítulo do chassis (fabricado em alumínio), atenção especial à geometria dos componentes fundidos, tais como as torres dos amortecedores e os suportes, para mais rigidez torsional e menos peso.

 

O novo chassis consegue oferecer melhor desempenho na redução das vibrações e dos ruídos parasitas a que se junta uma maior rigidez torsional para otimizar o desempenho. Outra novidade deste 12Cilindri é a utilização de uma liga secundária feita de material 100% reciclado para fabricar as torres da subestrutura da caixa de velocidades. A sua incorporação, juntamente com a utilização de peças fundidas ocas, levou a uma poupança de 146 kg de CO2 por chassis produzido, garantindo, simultaneamente, excelentes resultados nos testes de colisão e fadiga.



Também em Spider 

Uma das particularidades desta revelação do 12Cilindri é o facto de ser, afinal, uma dupla revelação, com a Ferrari a mostrar também a variante Spider do novo V12, que partilha quase todos os elementos com o "coupé". No entanto, necessariamente, alguns atributos são distintos.

 

A redução de peso foi um requisito fundamental deste programa de desenvolvimento. O Spider pesa mais 60 kg que o 12Cilindri, apesar dos reforços estruturais e da introdução dos mecanismos de acionamento da capota rígida retrátil

 

A carroçaria apresenta elos de reforço de alumínio entre a gaiola de proteção atrás dos ocupantes e os pilares B. Essa solução garante uma economia significativa de peso e um centro de gravidade mais baixo. A capota rígida distingue-se pela dupla curvatura acima da zona das cabeças dos ocupantes e demora apenas 14 segundos para concluir a operação de abertura ou fecho, que pode realizar a velocidades de até 45 km/h.



O mecanismo cinemático é caracterizado pela simplicidade e pelo uso de alumínio, possibilitando assim manter o peso baixo em comparação com outras aplicações semelhantes. Completando a área da capota está o óculo em vidro com ajuste elétrico em altura. Esta variante perde capacidade na bagageira (apenas 200 litros, ou só 180 litros com a capota recolhida) e apresenta, também, valores de "performances" ligeiramente piores: 0-100 km/h em 2,95 s 0-200 km/h em 8,2 s. A velocidade máxima anunciada mantém-se acima dos 340 km/h.



 



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